Livrai-nos, Senhor, das Raízes Amargas

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos (Hebreus 12.15)

Ajuda-nos, Senhor, porque raízes venenosas têm tentado dominar os nossos corações. Uma revolta amarga quer lançar suas raízes no âmago do nosso ser. Um redemoinho de sentimentos e pensamentos destruidores deseja fazer morada em nós, tomar o lugar que só a Ti pertence. Ó Lavrador Celestial, arranca deste solo toda raiz que não veio de Tuas mãos.

Há momentos em que as maldades deste mundo decaído ferem fortemente nossa alma e as setas peçonhentas do inimigo cravam fundo em nosso espírito. Facilmente raízes venenosas se abrigam em nosso solo e se não arrancadas a tempo produzem seus frutos de morte.

Nós bem sabemos o quanto esta raiz de amargura nos privará de Tua graça. Não existe alegria verdadeira onde não se sente Teu favor. Por isso pedimos que a Tua doce graça cure o gosto do amargor em nossas bocas e traga ao mais profundo do nosso ser a doçura da Tua maravilhosa presença.

Esta raiz de amargura perturba tudo ao derredor. Transforma toda luz em escuridão, toda alegria em angústia, o amor vira ódio. Impede-nos de confiar, de amar, de lutar, de viver e de ver Tua bondade e Tua glória. Impede-nos de ver as portas abertas, de ver Tua mão poderosa, de ver Tua luz a nos guiar. Fala Senhor, e faz calar a voz da tempestade em nosso interior. Faz brilhar o Sol do Teu amor uma vez mais. Tira de mim aquilo que não vem de Ti.

Não permita que a amargura em nosso ser contamine os que estão perto de nós. Não queremos corromper aqueles que nos tocam, que nos ouvem, que nos amam. Nós queremos ser somente sal e luz, jamais treva e dissabor. Se não posso ser bênção que eu me cale até que a doçura da Tua graça se derrame outra vez através de nossos lábios e a beleza da Tua vida se faça sentir no Teu amor que nos invade.

Cura-nos, ó Deus, porque também queremos curar. Ilumina nosso mais interior para que o brilho de Tua luz se irradie neste mundo tão escuro. Sara nossa terra, livra-a destas ervas venenosas.


 Vivemos no Intervalo

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Eu já estou sendo derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia… (2 Timóteo 2.6-8)

Somos peregrinos. Este é o nosso deserto. Já deixamos o Egito, mas não chegamos ainda à nossa Canaã. Não é tempo de guardar as armas, de assentar-se sob a sombra, de parar de caminhar. Nossa carreira ainda não acabou. A prova disso é que ainda estamos aqui. Nosso destino é mais além. Não importa quão longo tenha sido a nossa jornada, nosso olhar deve permanecer no horizonte. Nosso descanso não é aqui (Miquéias 2.10)

Este nosso tempo, é tempo de expectação, não de conclusão. É apenas um intervalo, não a plena realização. Estamos aqui para missão e não para desfrute. Precisamos entender isso para que não vivamos como se a guerra tivesse acabado e como se a colheita de agora fosse a definitiva. É apenas uma fase. A concretização ainda nos espera.

Essa atitude do coração é essencial para todo caminhante. Senão corremos o risco de sermos submergidos pelas bênçãos ou vencidos pelas aflições. Podemos nos distrair com as vitórias passageiras e perder de vista àquela que é eterna.

Quando nos esquecemos de nossa condição de peregrinos, os prazeres deste mundo podem facilmente nos roubar o prêmio real. Amados, eu vos advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma (1 Pedro 2.11). Então queremos ficar em casa quando é tempo de guerrear e como Davi somos arrastados para o fundo por desejos bem nocivos (2 Samuel 11.1, 2).

Chegará o momento no qual teremos concluído o bom combate. Nossa carreira tem seu tempo determinado pelo Soberano. Enquanto isso, nossa fé precisa ser guardada e nossa coroa conservada sobre nossas cabeças para que todas as nossas conquistas permaneçam e tenham a devida recompensa.

Compreender a transitoriedade deste nosso tempo não significa vive-lo de modo negligente e displicente. Pelo contrário. Cada ato, palavra e atitude são preciosos porque sabemos que com eles estamos construindo a nossa eternidade.


 Pedras Rejeitadas

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Jesus lhes disse: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?“ ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’ (Mateus 21.42)

Ser rejeitado de algum modo, ou em algum momento da caminhada, faz parte de nossa existência. Pais que não assumiram, pretendentes que desistiram de nós, desprezo por parte de outros, falta de reconhecimento, de valorização, de estima. Não há como evitar. Isso vai acontecer. E cada pessoa será atingida com maior ou menor força por este fato. Mas isto não é o fim.

Muitos dos que foram um dia deixados de lado, tornaram-se as colunas principais. José, rejeitado pelos seus irmãos, tornou-se governador do Egito (Atos 7.9, 10). Moisés, desprezado pelo seu povo teve que fugir e viver no deserto, para depois tornar-se o seu libertador (Atos 7.27, 35). Davi, esquecido por sua família, foi ungido rei de Israel (1 Samuel 16) e menosprezado por seu irmão tornou-se o vencedor sobre Golias (1 Samuel 17.28, 50). Marcos foi desprezado por Paulo (Atos 15.37, 38) para depois ser reconhecido como de grande utilidade (2 Timóteo 4.11)

E que dizer de Jesus? Pedra rejeitada na verdade pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa (1 Pedro 2.4).

Ser deixado de lado por algum tempo em nossa vida não é o fim da nossa história. Ser esquecido pelos homens não é o mesmo que ser esquecido por Deus. Rejeição humana não significa rejeição divina. Sentimentos pessoais de rejeição, não refletem a verdade. Pois Aquele que nos comprou com o sangue de seu próprio Filho e que nos amou por Sua graça, nos fez agradáveis a Si no amado (Efésios 1.6). Nele nossa aceitação é plena.

Não podemos permitir que as rejeições e o desprezo humano nos façam esquecer a aceitação divina. Não podemos deixar que pontos difíceis em nossa vida determinem o final de nossa história. É Deus quem a escreve, é Ele quem exalta aqueles que foram humilhados. Não para que se gloriem, mas para que reconheçam que Dele vem todas as coisas.

Não é do oriente nem do ocidente nem do deserto que vem a exaltação. É Deus quem julga: Humilha a um, a outro exalta. (Salmo 75. 6, 7)