O Outro Filho

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Mas ele se indignou e não queria entrar (Lucas 15.28)

Não é de hoje que muitos, ao lerem a parábola do filho pródigo, começam a reparar no irmão mais velho. De modo negativo ele nos deixou muitas lições.

Quando olhamos para ele e suas atitudes, vemos que apesar de ter vivido tanto tempo ao lado do pai, jamais uniu seu coração ao dele. Não é assim também conosco? Estar na igreja ou nos cultos não nos torna íntimos do Pai. Podemos viver uma vida inteira na casa Dele e ainda assim nossa vida não estar unida à Vida Dele.

Quão rasa ou quão profunda tem sido nossa comunhão com o Pai, só a eternidade nos revelará. Estar dentro de uma igreja, cantar, ouvir sermões é relativamente fácil. Unir-se ao pai celestial com uma comunhão profunda é extremamente necessário, mas igualmente raro.

O filho mais velho reclamou, murmurou, e afirmou jamais ter desfrutado das coisas boas que o pai tinha. Não porque o pai de algum modo lhe tenha negado, mas porque ele mesmo vivia em legalismo. Nunca pediu, e por isso nunca recebeu, nunca se achegou e por isso nunca desfrutou. E nós, muitas vezes, não estamos muito longe disso com nosso Pai celestial.

E não só isso. Há algo ainda mais triste e que reflete nosso relacionamento com nosso Deus. Ele não entendia o coração do Pai. Ele não compreendia o amor, a graça, o perdão e a bondade que emanava do pai. Em seu legalismo, achou que precisava agradá-lo em tudo sem nunca falhar. Só assim o pai o amaria. “Eu nunca transgredi nenhum dos seus mandamentos”, disse ele. Quantos de nós nos encontramos presos nesse sentimento.

Todavia, glória a Deus que Seu amor eterno e Sua graça infinita nos têm alcançado. Apesar da nossa imperfeição. Do amor e do poder que emanam do Seu trono temos nos enchidos e sido fartos.

No fundo, no fundo, apesar daquele filho parecer tão obediente, a vontade dele não estava alinhada com a do pai. Como nós, ele se revoltou quando viu seu pai perdoando quem ele achava que não devia perdoar. Seu senso de justiça própria o impedia de ver, apreciar e desfrutar da graça do Pai.

Que o Senhor nos ajude. Não queremos viver aparentemente tão perto do Pai e em realidade tão longe do coração Dele.