Entra no Teu Quarto

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará (Mateus 6.6)

Entra no teu quarto. Ninguém te verá, mas teu Pai te verá. Entra no teu quarto, dobra o teu joelho e derrama perante Ele o teu coração, juntamente com tua dor e tuas lágrimas. Entra no teu quarto e deixa que teu peso seja o peso Dele e tua dor a dor Dele.

Entra no teu quarto mesmo que não tenhas dor. Porque então, palavras de louvor devem fluir do teu coração para o Dele. Ele não é Teu Deus para as horas escuras. Ele é Deus de todas as tuas horas e de todos os teus dias.

Entra no teu quarto mesmo quando não sabes o que dizer. Teu silêncio perante Ele também é uma oração. E é bem provável que Ele mesmo encherá teu silêncio com palavras que tu nem sabias que precisavam ser ditas. E ainda que saias sem nada dizeres, Ele lerá o profundo da tua alma. E tu aprenderás que a quietude diante Dele vale mais que mil palavras longe.

Entra no teu quarto antes que seja tarde. Não espere a noite para buscares a luz Dele. Deixa que Ele deposite hoje em tua alma, a força, a graça e a sabedoria que precisarás amanhã. Quando a luta chegar não te encontrará fraco e vacilante, mas ungido e capacitado, pronto para lutar.

Entra no teu quarto Ele te espera. O Pai anseia pelo rosto de seus filhos. E quando o coração dos filhos anseia igualmente, então o encontro será bênção e será vida.

Porque esperas? Entra agora no teu quarto. Bênçãos visíveis são resultado de orações invisíveis. O mundo não sabe, não entende e não conhece. Mas oculto deste mundo o teu clamor move o coração e a mão de Teu Pai. Só a eternidade poderá dizer quanto fruto, quanta glória, quanta graça, quanta cura e quanta vida trouxeram os céus como resposta a orações ocultas nascidas dos quartos fechados.

Entra no teu quarto. Pois é esta solidão voluntária que garante a Presença gloriosa. É esta porta fechada que produz os céus abertos. É esta fuga que conduz ao Encontro que abençoa todos os encontros.

Entra no teu quarto, entra no teu quarto, entra no teu quarto. Você já sabe que é lá que está a provisão, a cura e a direção que tanto precisas. É lá que está esse Deus a quem tu tanto amas e que tanto te ama. É lá, mais uma vez saberás em Quem tu já tens crido.


 Caminhando Com o Pai

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Assim caminharam ambos juntos (Gênesis 22.8)

Seria bom se soubéssemos andar com Deus, o Pai, tão perfeitamente quanto Isaque andou com seu pai Abraão. Mesmo naquela caminhada estranha e incerta (Gênesis 22), ele soube seguir e confiar.

Sem saber aonde ia, Isaque foi com seu pai. Tudo era silêncio, tudo era mistério. Pouco ou nada lhe fora revelado e mesmo assim ele caminhou lado a lado. Isaque ignorava tudo a respeito da jornada e sequer imaginava qual seria seu destino. Sua paz e segurança vinha de seu pai Abraão. Ele sabia que o pai o amava e jamais o conduziria por caminhos e para destinos que não fossem bons. Por isso ele seguiu em frente.

O caminho foi longo. Três dias de viagem (Gênesis 22.4). Nunca é fácil a ansiedade da jornada. As vezes, até o destino, há um longo caminho e um longo tempo que parecem não terminar nunca. É preciso sentir o aperto da mão do Pai ao redor do nosso ser e confiar que o que não sabemos Ele sabe e o que não podemos Ele pode.

Por um tempo, dois homens o acompanhavam. A partir de certo ponto, eles ficaram e só restou ele e seu pai. Já não havia mais ninguém para auxiliá-los. Mesmo nessa hora, para o coração de Isaque, seu pai lhe bastava. Ainda que mais pessoas pudessem lhe trazer segurança, estar só, ele e seu pai, parecia suficiente. Momento sagrado, em que somente pai e filho caminham. Será assim em diversas ocasiões. Só nós e o Pai.

Em dada hora, Isaque questiona. Havia fogo, havia lenha, havia o cutelo. Mas faltava o sacrifício! Faltava o principal! Faltava a razão daquela longa caminhada. E agora? Como vai ser? Isaque quer ouvir a explicação de seu pai. Anseia para que sua voz esclareça aquela situação incompreensível. E seu pai fala. Manda confiar. Manda esperar. E tudo o que Isaque tem é a promessa de seu pai de que tudo será suprido. E esta promessa basta. A voz do Pai basta.

Agora, porém, uma situação mais difícil. Isaque está sobre o altar para ser morto. E mesmo assim não contesta o pai. Parece que aceita a morte. Para Isaque, morrer nas mãos do pai é viver. Sim. Morrer nas mãos do Pai é viver. Viver longe do Pai é morrer, tal como o filho pródigo.

Mas não houve morte. Houve uma experiência maravilhosa. A providência de Deus se revelou e Suas promessas foram renovadas. A história de Isaque com seu pai Abraão marcou nossa história e marcou a História para sempre.

Na terra, um pai entregou seu filho e um filho entregou-se ao seu pai. Do céu, o Pai entregou Seu Filho e o Filho entregou-se ao Pai e pelo Pai, para nos redimir para sempre.


 Tempo Com Deus

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? (Salmo 42.2)

Nada é mais importante em nosso dia do que o tempo que gastamos com Deus em Sua presença. Tudo o mais, todas as nossas atividades e realizações são pouco ou nada diante Daquele que estabelece, sustém e move todas as coisas. A história e os eventos do mundo estão nas mãos Dele e não nas nossas.

Entretanto, o tempo com Deus não pode ser medido em horas, minutos e segundos, pois Ele é o Eterno e o Pai da eternidade. Ele não está no tempo. O tempo está Nele. E Ele não pode ser medido por cronômetros, pois é Ele e somente Ele quem estabelece os tempos e as estações.

Muitas vezes, queremos medir a nossa vida de oração pelas horas que passamos de joelhos, mas isso não é possível. O que conta realmente é como se encontra nosso coração perante Ele. Alguns minutos de encontro real, de comunhão profunda, de adoração com todo o nosso coração, valem mais do que horas e horas de tagarelice vazia.

Talvez experiências como essas não ocorram todo dia. Talvez sejam raras como joias. E, no entanto, quando acontecem mudam nosso ser e nossa história para sempre. Trazem para nossa vida graça e glória indizíveis e valem mais do que quaisquer outros tempos e outras fatos de nossa existência.

Se tivéssemos que esperar de três a quatro horas em uma ante sala para falar dez minutos com um homem rico, influente e poderoso, ainda assim valeria esperar. E se naqueles dez minutos achássemos graça aos seus olhos e ele nos concedesse seus favores a partir de sua imensa riqueza, toda espera valeu a pena. Aqueles poucos minutos teriam sido infinitamente mais preciosos do que todo o tempo de espera e de preparo. Assim é o tempo com Deus.

O valor da nossa oração e devoção não se mede pelo tempo cronológico. Ele é medido por quão perto, quão certo e quão de fato estivemos ante a face Daquele que possui e que faz todas as coisas. É bem provável que tenhamos que orar muito e orar muito e orar muito até que experimentemos um glorioso instante eterno em Sua presença. É bem provável que gastemos muitas horas na ante sala desejando ansiosos o momento de estar ante Sua Face. Não importa.

Tudo compensará, tudo fará sentido quando experimentarmos este tempo eterno que relógios e calendários humanos jamais poderão medir.


 Ensina-nos a Contar Nossos Dias

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios (Salmo 90.12)

Em breve completarei mais um ano de vida. Sou mui grato a Ti por toda Tua bondade em todos esses anos. Até aqui, Senhor, Tu me ajudaste (1 Samuel 7.12) e somente por Tua graça eu sou o que sou (1 Coríntios 15.10). Tu fizeste para mim muitos e muitos dias, nos quais me regozijei (Salmo 118.24). Tu firmaste meus pés sobre uma rocha para que eu tivesse um caminho seguro (Salmo 40.2). Se eu quisesse contar todos os teus benefícios não poderia. São mais numerosos do que os cabelos em minha cabeça. Sou grato a Ti por tudo e por cada coisa, mesmo por aquilo que não lembro. É maravilhoso ter chegado até aqui contigo.

Todavia, eu gostaria de ter feito muito mais. Eu queria ter sido mais sábio, queria ter sido mais santo, queria ter sido mais forte nas adversidades. Queria ter orado mais, amado mais, servido mais. Eu queria ter obedecido de forma mais perfeita e não ter tomado tantos atalhos que a lugar algum me levaram.

Eu queria ter aprendido a esperar Teu tempo ao invés de atropelar as circunstâncias. Devia ter confiado mais em Ti em vez de me deixar vencer pelo desespero tantas vezes. Devia ter perdoado mais ao invés de acusar tanto e ter dado mais ao invés de ter querido tanto. Devia ter glorificado mais o Teu nome com minha vida e não o fiz.

Eu devia ter pregado, ensinado e abraçado muito mais. Devia ter reconhecido Teu amor presente e ter distribuído melhor Teu amor em mim. E ter usado meu tempo de forma mais útil e não ter permitido que tantas coisas inúteis e nocivas o ocupassem.

Embora por todos esses anos da minha vida, desde que Te conheci e mesmo antes, Tu tenhas sido bom, tão bom pra mim, meu desejo é que eu pudesse ter sido igualmente bom para Ti e não ter sido tão falho e negligente com fui.

Não sei quanto tempo ainda me resta. Não sei quantos anos tenho para andar contigo na terra dos viventes. Ó Deus, ajuda-me! Que esses dias sejam bons e que eu possa fazer neles o que não fiz até aqui. Que eu glorifique Teu nome como jamais glorifiquei.

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. (Salmo 139. 23, 24)