Sobre o Amor

 

Não faças do teu amor teus grilhões. Faça dele asas, que lhe farão chegar às alturas inatingíveis. Teu amor não é um mero sentimento que arrebata. É a vontade que escolhe a quem farás feliz e por quem lutarás. Não é o que te invade de repente, mas aquilo que emana de ti para o outro. Não é incêndio que te cerca. É a fogueira que tu mesmo acendes e alimentas com alegria. Não é uma surpresa. É um querer. Não é um abismo do qual tens de fugir amedrontado. É a montanha que te cabe escalar. É mais uma busca do que um encontro, mais o alvo aonde miras do que a flecha que te atinge. Não é de modo algum uma espera, é antes um poderoso mover.

Teu amor não é essa ilusão inatingível. É a tua decisão palpável de realizar, de criar algo novo e belo. É mais o que queres do que o que sentes, mais tuas ações do que tuas reflexões. É menos aquilo que está no teu interior, e mais aquilo que projetaste para fora e se tornou visível. É mais sensitivo do que intuitivo. Ele tem formas, várias formas. E cores, muitas cores. E essências, inumeráveis essências. Se amas realmente, todos vêem. Teu amor nasce em teu íntimo, mas jamais permanece aí, pois nada pode conter sua força. Se amas realmente, muitas coisas nascerão desse amor.

O teu amor, é também o primeiro prêmio do teu amor. Ele é a principal recompensa de si mesmo. Não precisas aguardar que a semente brote. É belo, por si só, poder semeá-la, pois esta semente é tão bela e boa quanto o seu fruto. Feliz é quem semeia, como quem ceifa, quem ama como quem é amado. Sois feliz não porque sois amado, mas porque amais. O amor te faz correr, te faz lutar, te faz viver, te faz voar. Ame o amar. Pois amarás o amor e amor por fim te amará. E se apegará a ti para jamais deixar-te.

Dissera Camões que “tão contrário a si mesmo é o amor”. Digo, porém que não é ele contrário a si mesmo, mas contrário a ti e a mim. Aquilo que ele é, é muitas vezes tudo aquilo que não somos. Aquilo que ele exige é tudo aquilo que negamos. Porventura não somos, na maioria das vezes, aquilo que não queremos ser? E o amor nos pede justamente aquilo que queremos e que nos sentimos incapazes de ser e de fazer. Embora criados para ele, sentimo-lo um corpo estranho na estranha essência do que somos. Ainda que ele seja uma necessidade, suas exigências nos assustam. Ele é o dono da casa para quem nem sempre nos dispomos a abrir a porta. E seu bater é muitas vezes o nosso incômodo.

Ele é sim, a doçura da dor, a fraqueza mais forte, a tristeza feliz, a resposta silenciosa dos “porquês”. Não, ele não é cego, apenas vê mais longe e mais fundo. Não ele não é tolo, apenas não pode ser compreendido com a sabedoria deste mundo.

Teu amor terá de ser sempre luz num mundo escuro, calor num mundo frio, paz perene em guerra eterna. Só ele odeia o ódio e guerreia contra a guerra. Solvente universal onde se diluem todas as diferenças e conflitos, apenas ele tem o poder de apagar os passados mais vermelhos e os mais negros. Mesmo o que não pode definitivamente ser destruído, pode ser absorvido, envolvido e vencido em teu amor.

Como disse alguém: “O amor nasceu de Deus, e só em Deus pode descansar, acima de todas as coisas” (Thomaz de Kempis)

Este texto é parte integrante do livro Lições de Amor


 Mantenha o Foco

 

Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal. E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi. (Neemias 6.2-4)

O mais difícil em nossa luta não é achar o alvo. Difícil é manter os olhos nele e caminhar em sua direção sem se desviar. São tantas coisas a encher a nossa mente, tantos problemas e ansiedades a dominar nossos corações. De repente, quando olhamos, já perdemos nosso foco. Não terminamos o que começamos, não atingimos nosso objetivo e não realizamos a vontade do Pai. Um dos grandes segredos de Neemias era foco. Não permitia que nada o distraísse.

Só temos uma vida para viver e infelizmente desperdiçamos boa parte dela em tarefas inacabadas e projetos inconclusos. Alguns, nem a Bíblia conseguem ler até o final. Mais foram os livros que pararam no meio do que os que leram até o fim.

Pedro andou sobre as águas caminhando em direção a Jesus, mas afundou ao prestar atenção no vento (Mateus 14.29, 30). Isso já aconteceu conosco e então culpamos o vento ao invés de reconhecer nossa falta de foco. Precisamos disciplinar nosso espírito, concentrar nossa mente e avançar na direção do Senhor. Temos de agarrar de coração cada tarefa a nós confiada, cada projeto apresentado e só largá-los no fim ou se definitivamente se mostrarem inúteis. Não adianta focar no que não vale à pena.

De nada adianta você chorar a oportunidade perdida, o fracasso evidente, a meta que ficou para trás. É preciso levantar as mãos cansadas, os joelhos trementes e fazer veredas seguras para os nossos passos (Hebreus 12.12, 13). Não lamente as coisas que não foram. Busque as que ainda podem ser.

Ventos hão de soprar, homens mal intencionados irão se manifestar e nossas debilidades nos atrapalharão de modo constrangedor. E ainda assim precisamos e podemos manter o foco, olhando para Jesus, autor e consumador de nossa fé e correr a carreira que nos está proposta. (Hebreus 12.1-3).

Retome seu foco. Redobre sua determinação. Realize para o seu Deus.