Elementos Essenciais da Adoração

 

“Tudo quanto tem fôlego, louve ao Senhor” (Salmo 150.6)

Louvor, adoração, cântico. Palavras sempre presentes nas Escrituras. Dentre os motivos pelos quais nos aproximamos de Deus este é o mais puro. Quando nos aproximamos para adorá-lo, não estamos pedindo nada nem para nós nem para ninguém. Estamos apenas exaltando a Deus por aquilo que ele é, fez e faz. Um dia, não haverá mais necessidade de fé, pois veremos as coisas como são. Não haverá necessidade de dons espirituais para edificar esta fé. Nem profecias, nem revelações, nem curas. Não será preciso pregar a Palavra. Não precisaremos nem mesmo orar ou pedir, pois teremos tudo. Então, neste tempo e por toda a eternidade, a adoração e o louvor a Deus será nosso único objetivo e deleite.

Para que a adoração aconteça, precisamos de três elementos.

O adorador. É a pessoa que executa o ato de adorar, seja ele verbal ou não, musical ou não. Na maioria das vezes somos conduzidos por um ministro de música, que acaba ganhando mais destaque do que o merecido.

A adoração. É aquilo que estamos oferecendo, expressando. Uma música, um gesto, palavras, expressões. Também aqui nossa preocupação com o ritmo, a melodia e a letra eclipsa o elemento primordial

O Adorado. Sim, o Adorado é o principal elemento da adoração. Não é difícil que de repente estamos cantando para nós mesmos. Nosso louvor se dirige mais aos ouvidos terrenos que ao Coração Celestial.

Mas Deus é a razão da adoração. Se não focarmos Nele, se não for Ele a razão consciente de tudo, então temos tudo, menos adoração.

É fácil desviarmos o foco de Deus e o colocarmos em quem canta e no que se canta. Valorizarmos o músico e a música e esquecermos que a razão de tudo é o Deus Todo-Poderoso. O canto e o cantor não têm qualquer valor, se Aquele para quem tudo é feito não se agradar, não receber nosso louvor e adoração. É provável que muitas vezes aquilo que nos agradou não tenha agradado a Ele. E então, não importa quanto pareça bonito, não tem nenhuma utilidade.

Deus é a origem, é a sustentação e é o destino de tudo o que envolve músicos, cantores, instrumentos, letras, melodias, canções e entoações diversas. Muitos podem cantar belas canções muitas vezes. Tocar o coração do Adorado, talvez não seja tão fácil assim.


 Deus e a Beleza

 

Tudo fez formoso em seu tempo… (Eclesiastes 3.11)

Nenhuma pintura ou fotografia de um pôr-do-sol é mais bonita do que o próprio pôr-do-sol. E isto vale para inúmeras paisagens naturais. A junção do sol, mar, praia e verde, forma um quadro tão exuberante que chegamos a desejar ter sido o artista que o criou. Se pintamos, tentamos retratá-lo na tela. Se fotografamos, logo procuramos o melhor ângulo. Se escrevemos, queremos expressá-lo em letras. Para a maioria de nós, essa beleza natural não nos permite duvidar de Deus. Ele não só existe, como é Superior ao mais superior dos artistas. O máximo que se pode fazer é imitá-lo. Esses belos quadros estão em todo lugar. Percorrer o mundo é contemplar a exuberância divina.

Quão belas as cores das flores e das borboletas, os perfumes das flores, o gosto doce das frutas, o som do canto das aves. Parecem ter sido feitos somente após muita espera, planejamento, cuidado, silêncio. E de repente, em um momento de inspiração de gênio, em um êxtase profundo e poderoso, foram então trazidos a existência. Nasceram tanto de sentimentos criativos de Deus, que não reteve em seu íntimo a beleza e a inspiração, como também pelo desejo desse mesmo Deus de encantar seu público. Não podia e não queria guardar em si tal realidade profunda e bela. Então surgiu o que surgiu.

Deleitosa é a criação. Seu verde, seu azul, seu vermelho. Seu doce comido e aspirado, seus sons inúmeros. Flores, frutos, árvores, relvas, peixes, aves, seres de diversos formatos, tamanhos, espécies. Um infinito de tudo, uma variedade infindável ainda não totalmente contada após tanto tempo.

E ao levantar dos olhos, ainda outro mundo. Se de dia, o astro rei qual tocha imensa dominando tudo. Se de noite, a poética lua e uma miríade de estrelas, gotas de fogo sobre o quadro negro. E entre as gotas, o infinito. Tudo tão belo e vivo. Tantas vezes pintado, cantado, ouvido por aqueles que pararam para testemunhar essas maravilhas. Deleitosa natureza.

Sem dúvida, os céus declaram a glória de Deus e o firmamento proclama a obra de suas mãos. (Salmo 19.1). Diante da beleza e da grandeza, nós nos rendemos e adoramos. A Ele toda glória!


 Quando o Calendário Muda

 

Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os tempos e as horas… (Daniel 2.20)

Em nossa mente, quando o calendário muda, algo também muda para nós. É uma sensação legítima de que um ciclo terminou e outro começa. Nossa tendência é colocar a esperança nesse novo ciclo. Nossa confiança se renova e se volta para o ano que inicia. Isto não é de todo ruim, pois esperança e confiança nunca são ruins. Todavia, isto não basta.

O tempo é apenas a tábua onde Deus escreve Sua história através da nossa. É menos que matéria prima. É o espaço onde o Todo Poderoso fará sentir seu poder e onde Ele manifestará Sua glória. Não é o tempo que mudará alguma coisa em nossa vida. É o Deus do tempo e da história. Infelizmente, o mesmo tempo no qual coisas boas e maravilhosas acontecem, também é o mesmo no qual ocorrem as grandes tragédias, os grandes dramas e as dores sem fim. E o calendário nada mais é do que uma testemunha fria e muda de tudo o que tem lugar em nossas vidas. Nele não está nossa esperança.

Nosso Deus, contudo, é o Deus de tudo. Em Suas mãos estão nossos anos, horas e dias. Cada instante é Dele. Nenhuma circunstância escapa ao Seu olhar, nenhuma atividade se afasta de Seu braço forte. É sobre uma Pessoa que lançamos as nossas ansiedades, uma Pessoa Viva e Poderosa. Não sobre o simples fluir do tempo. Nossa confiança está em Deus.

Não saudamos o ano novo, saudamos o Deus que está nele. Esse Deus para quem passado, presente e futuro são a mesma coisa. Esse Deus ilimitado que se fez homem limitado para nos salvar. O Deus Eterno entrou no tempo para nos trazer a eternidade e na história fundiu o infinito com o finito, o passageiro com o sem fim. Por isso cada ano novo tornou-se para nós um presente Dele.

Diante disso só podemos dizer como o salmista: “Ó Senhor, Tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração… de eternidade a eternidade Tu és Deus” (Salmo 90.1, 2).