Decepcionado Com Pessoas

 

É melhor confiar no SENHOR do que confiar no homem. É melhor confiar no SENHOR do que confiar nos príncipes. (Salmo 118.8, 9)

Sei que é uma verdade dura, mas nós sempre nos decepcionaremos com pessoas. E ainda assim, temos que aceitar que somente quando nos frustramos com carne e sangue é que então percebemos quanto isto é necessário para nos firmarmos no Senhor. É parte do processo do nosso crescimento em Deus.

É fácil depender do Senhor, quando não temos outra escolha a não ser depender do Senhor. Nosso grande desafio é aprender a confiar Nele quando coisas e pessoas parecem ser nossa força e o apoio aos nossos pés. Quando de repente tudo que é deste mundo falha e pessoas já não podem ou não querem ajudar, descobrimos que o nosso escape é para cima, para o alto, para o trono do Soberano Deus. Então assim, e só assim, firmamos Nele nossa esperança e Ele torna-se a força em nós.

Deus permite esses momentos para que possamos chegar mais longe com as asas que só Ele pode dar. Como cantou a poetisa: “Não via mais, meus pés no chão, então Ele me deu asas pra voar”. Mesmo que seja um processo doloroso, é um processo necessário e útil. Senão corremos o risco de acreditar em forças que são incapazes de nos conduzir aonde temos de chegar.

E mais. Tais experiências não justificam nosso rancor. Pois assim como muitos nos decepcionaram, também nós decepcionamos a muitos. As feridas que já causamos não são muito diferentes daquelas que nos causaram. O fato é que é bem mais fácil perceber a dor que sentimos do que a dor que provocamos.

Essas amargas experiências nos colocam diante de um constante dilema. Ou amamos incondicionalmente e perdoamos ou caímos derrotados em rancor. Amar será sempre o fruto de uma escolha e nunca uma atitude natural em nossa vida. Amar apesar das cicatrizes é sinal de que aprendemos que este mundo é um campo de batalha, em meio ao qual só ficarão de pé os que não foram vencidos pela amargura.

O que impede o nosso avanço não é a falta do apoio humano, mas nossa deficiente confiança em Deus. Decepções também são bênçãos quando nos lançam nos braços do Pai.


 O Deus Contínuo

 

Deus não é um visitante inesperado em nossa vida. Também não é um hóspede ocasional que de vez em quando aparece. Ele é Aquele que se estabeleceu em nossa história, conectou-se ao nosso ser para estar conosco sempre e não apenas para sempre.

Mais do que socorro no tempo da angústia, está conosco mesmo quando não é tempo de angústia. Quando tudo está bem, Ele está conosco. Quando estamos alegres, saudáveis e supridos, Ele está conosco. Ele não vem até nós nos momentos de perigo e depois se retira até uma próxima chamada de emergência. Ele permanece mesmo quando tudo está calmo. Se é verdade que Ele é nosso refúgio nas horas da tempestade, também é verdade que Ele é a nossa habitação nas horas da calmaria. Ele não vem. Ele está. Ele é.

A presença de Deus em nós e conosco não é uma linha intermitente, que é interrompida todas as vezes que um problema é resolvido. Sua mão em nossa história é uma linha contínua que se estende desde a eternidade passada, transpassa nossa vida presente, e prossegue até a eternidade futura. O fio da vida divina no qual fomos inseridos jamais se interrompe. Não existe um momento no qual Ele não esteja.

Sim, Deus é socorro bem presente na angústia, mas isso não significa que Ele esteja ausente em nossa paz porque justamente Ele é na nossa paz. Não há um instante da minha existência, não um lugar onde eu esteja, no qual Ele não seja Deus para mim e comigo. Em qualquer lugar ou tempo, Deus é Deus em mim e comigo. Em qualquer lugar ou tempo, independente do meu estado de espírito, independente das circunstâncias que rodeiam, Ele permanece Deus para mim, Ele se faz Deus em mim.

Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama no abismo, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e tua destra me susterá. (Salmo 139.7-10).

Deus é o caminho para mim, mas eu não sou caminho para Ele. Para Ele eu sou casa onde Seu Espírito habita. Nossa comunhão foi selada e continua por toda a eternidade.


 Cuida de Ti Mesmo

Tem cuidado de ti mesmo e do ensino (1 Timóteo 4.16)

Não poderemos cuidar de outros se não estivermos bem. Não poderemos edificar sem estar edificados. Não poderemos levantar outros se estivermos caídos. Só poderemos compartilhar o que primeiro recebemos. Só os supridos poderão suprir os que precisam. “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (2 Coríntios 13.5). Não levarei ninguém muito longe com um veículo sem combustível.

É egoísmo ter e não compartilhar. É tolice não ter e oferecer. Primeiro vem o “te abençoarei”. Depois vem o “tu serás uma bênção” (Gênesis 12.2). Não fomos chamados para reter o que nos foi dado. Da mesma forma, não fomos ordenados a tentar dar o que não temos. Somente os fortes fortalecerão a outros. E nós não somos a fonte. Ele é a Fonte. Nós não somos mais do que canais e permaneceremos vazios se não estivermos conectados Nele.

Procura tempo oportuno para cuidar de ti e relembra detalhadamente os benefícios de Deus. Se te abstiveres de conversações supérfluas e passeios ociosos, como também de ouvir novidades e boatos, acharás tempo suficiente e adequando para te entregares às santas meditações (Tomas de Kempis).

É nossa obrigação amar o nosso próximo. Todavia, temos que fazer isso da mesma forma como amamos a nós mesmos. Não poderemos amar o outro adequadamente, se não amarmos a nós mesmos adequadamente. Viver para servir ao outro não é a mesma coisa que deixar de viver para servir ao outro.

Sem conteúdo jamais poderemos ajudar vidas vazias. “Enche teu vaso de azeite e vem…” (1 Samuel 16.1). Se doentes, não curaremos. Se perdidos, como indicaremos o caminho? Se as bênção divinas pararem em nós para que servem elas? Mas se elas não chegarem a nós, que daremos aos outros? Basta cinco pães e dois peixes. Todavia, sem eles, sobre o que o Senhor dará sua bênção? Basta-nos um pouco de azeite. Entretanto, sem este pouco, as vasilhas vazias permanecerão vazias.

Só terei em mim à medida que me suprir Dele. O amor, a sabedoria e a força que eu darei a outros só poderá vir de Suas mãos. Preciso estender minhas mãos ao alto, antes de estendê-las ao próximo.


 Dez Dias Por Uma Resposta Divina

 

 

E sucedeu que, ao fim de dez dias, veio a palavra do SENHOR a Jeremias. (Jeremias 42.7)

Temos sempre muita pressa. Principalmente quando se trata do agir de Deus. Há enorme ansiedade em nosso coração para que as coisas se resolvam do modo como achamos que devem ser resolvidas. Para o nosso coração inquieto Deus sempre está demorando.

Essa inquietação se manifesta fortemente quando se trata de conhecermos a vontade de Deus. Mal fizemos a pergunta e já queremos a resposta. Não somos prontos em obedecer, e, no entanto, exigimos um Deus pronto em responder. Alguns vão mais longe. Justificam sua precipitação, alegando a demoradivina.

Precisamos aprender que não importa quanto tempo demore a resposta, ela vem. Precisamos aprender que não importa quanto tempo demore a resposta, precisamos dela. Se a queremos, temos de pagar seu preço e este muitas vezes é a paciência. Jeremias, profeta experimentado nas coisas de Deus, que por muitas vezes recebera sua palavra e direção, precisou esperar dez dias. Ele foi um gigante espiritual e mesmo assim teve que aguardar até que ela chegasse. Geralmente queremos uma direção divina, desde que não nos custe esperar muito. A inquietação de nosso coração revela quão pouco conhecemos a Deus e quão pouco dependemos Dele.

Sim, Deus tem uma resposta pra você. Ele quer que você esteja em Sua vontade e não tome decisões sem sua aprovação. Todavia, ele quer filhos obedientes, não crianças mimadas que se irritam porque as coisas não aconteceram do seu jeito e no seu tempo. Mais vale uma direção divina que demore do que uma decisão humana precipitada.

“Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras” (Daniel 10.12)

Deus fala, mas nós estamos atentos à sua voz? Ele manda respostas, mas quando ela chega ainda estamos aguardando? Ou já nos retiramos movidos por nossa ansiedade? Não temos só um Deus que ouve, temos um Deus que responde. Importa que Ele também tenha servos que esperem o seu falar.