Por Eguinaldo Hélio de Souza
Geralmente pensamos que quando Deus nos dá uma tarefa é para sempre. Às vezes isso pode ser verdade, mas nem sempre. Ele pode nos colocar em um determinado lugar, para fazer uma determinada coisa, somente para um tempo determinado. Terminado o tempo, Ele então nos conduzirá a outra tarefa.
Foi o que Elias experimentou. Deus o enviou ao Leste do Jordão, junto ao ribeiro de Querite e ali o sustentou (2 Rs 17.2-6). Entretanto, em um dado momento o ribeiro secou e Deus o enviou para Serepta de Sidon (2 Rs 17.9). E ali ele permaneceu até nova ordem.
É muito fácil nos tornarmos servos da obra de Deus ao invés de servos do Deus da obra. É correto amarmos aquilo que Deus colocou em nossas mãos para fazer. Errado é amar nossa missão mais do que amamos o Deus que a deu. Principalmente quando estamos muito tempo fazendo determinada coisa, na qual já temos experiência e prática, fica difícil nos desligarmos. Queremos continuar junto ao ribeiro de Querite, mesmo que este tenha secado, mesmo que tenha chegado a hora de irmos a outros lugares para fazer outras coisas.
Temos medo do desconhecido, da mudança, do novo e por isso, quando temos que tomar outra direção, ainda que seja por Deus, tememos. Não aceitamos que o tempo se encerrou. Preferimos as dores daquilo que já conhecemos a experimentar as coisas boas que estão sendo propostas, preferimos o ribeiro seco de Querite à abundância do Líbano. Talvez seja por isso que o poeta Gibran tenha perguntado “e quem pode despedir-se sem tristeza de sua amargura e de sua solidão?” [Gibran Kalil Gibran, O Profeta].
É preciso confiar em Deus para largar aquilo que Ele mesmo nos deu. No entanto, a obra não é nossa, é dele. Nossa vida precisa estar presa em Deus, não na obra que Ele nos entregou por tempo determinado.
Elias sempre soube aceitar as mudanças que Deus fazia em sua vida. Podemos e devemos amar a missão que Ele nos deu. Só não podemos amá-la mais do que a Ele. Ele é a nossa vida. E só Ele. Se a hora chegou, largue o que tem de largar e deixe Deus guiá-lo para onde tem de ir.