Por Eguinaldo Hélio de Souza

Pois, que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus. (1 Pedro 2.20)

Se algum de vocês sofre, que não seja como assassino, ladrão, criminoso, ou como quem se intromete em negócios alheios. Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome. (1 Pedro 4.15, 16)

A experiência de ser traído é sem dúvida dolorosa. Ferida profunda que deixa marcas na alma. Só quem a sofreu sabe. Todavia, há algo pior que ser traído. É trair. Porque pior do que ser vítima de uma traição é ser o autor dela. Judas que o diga.

Da mesma forma, ser enganado é ruim. No entanto, ser o enganador é ainda pior. Dói ser ferido, mas pior é ferir. Ser roubado é revoltante. Pior, porém, é roubar. Porque pior do que sofrer qualquer mal, é cometê-lo. Não daremos contas a Deus do que sofremos, mas daremos do que praticamos.

Nossa tendência natural é reagir de modo expressivo às coisas que outros nos fizeram. Dificilmente refletimos no mal que causamos. Parece que ao longo das nossas vidas fomos sempre as vítimas, nunca os agressores. Lembramos dos que nos magoaram e falamos disso como se nunca tivéssemos magoado ninguém. Reclamamos de toda maledicência contra nós e apagamos nossa maledicência contra outros. Falamos dos golpes que recebemos e silenciamos daqueles que aplicamos.

Todavia, o pior desta vida não é sofrer o mal e sim ser mau. Pior, não é quando nosso acusador está errado. Pior é quando ele está certo. É abalador ser acusado de um mal que não fizemos. No entanto, Deus que a tudo conhece, não nos julgará pelo que não fizemos, mas pelo que fizemos, ainda que ninguém mais saiba.

Reclamamos demais das injustiças contra nós e a verdade é que são as nossas injustiças contra os outros que pesarão em nossa conta. Nossa maior preocupação deveria ser com aquilo que praticamos e não com o que sofremos.

De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos para o SENHOR (Lamentações 3.39, 40)