Referências no Reino

 

E Asa fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi, seu pai,… (1 Reis 15.11)

Deus passou a avaliar os reis de Israel de acordo com aquilo que Ele encontrou em Davi. Ou eles foram fiéis ao Senhor “como Davi seu pai” ou não foram obedientes a Deus “como Davi seu pai”. Davi era o padrão daquilo que o Senhor esperava deles. Ele tornou-se uma referência no Reino.

Vivemos em um mundo confuso, onde as pessoas nem sempre praticam o que pregam, nem vivem o que ensinam. Um mundo onde boas intenções estão submersas em um pântano de más ações e onde procuramos não apenas alguém que nos mostre o caminho, mas alguém que o percorra conosco. Há um abismo muito largo entre o padrão da Palavra e a vida dos que a carregam. Vivemos em um mundo sem referências concretas!

Devemos dar graças a Deus pelas raras pessoas que cruzaram os nossos caminhos, cuja vida foi luz. Nossos passos seguiram suas pegadas porque as vimos caminhar em linha reta rumo ao alvo e, portanto, sabíamos que seu caminho era seguro. O amor dessas pessoas nos ensinou o que é amar. Sua vida de oração nos colocou de joelhos. Sua sabedoria, santidade e temor fez nosso coração desejar vidas como as delas.

Não basta entrar no Reino. Precisamos ter e ser referência nele. Precisamos de pessoas que nos falarão com suas vidas, mais do que com suas palavras. Que nos influenciarão pelo que são, não pelo que dizem. Pessoas que deixarão marcas tão profundas em nossos corações que serão como sulcos profundos por onde caminharemos por toda a vida.

E por causa delas seremos também referência para outros. Nossos passos guiarão outros passos, nossa vida será luz para outras vidas. Nossa fidelidade gerará fidelidade, nosso amor a Deus produzirá em outros o mesmo amor a Deus. Nossa perseverança levará muitos até o fim.

“Tendo Davi servido no seu tempo conforme a vontade de Deus, dormiu com seus pais…” (Atos 13.36). Contudo, deixou para as gerações seguintes um padrão de amor, devoção e obediência a Deus que foi seguido por muitos.

Deus nos ajude a ser referência para nossos filhos, nossos amigos, nossos irmãos. Que eles encontrem em nós uma firme orientação para todos os seus passos.


 Guerra Fria Não é Comunhão

 

Man standing on rock formation

Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (1 João 1.3)

Relacionamentos sem conflitos nem sempre indicam comunhão. Muitas vezes não passam de indiferença, de estratégia “política” ou mesmo de uma trégua prudente. Não há brigas, contendas ou atritos. Só há o silêncio insosso e insípido. As pessoas convivem interagindo o mínimo possível, no esforço de evitar choques. Quem observa esse ambiente pacífico o julga saudável e suficiente. Uma paz ruim é sempre melhor do que uma boa guerra.

Todavia, essa não é a comunhão que Deus deseja encontrar entre o seu povo. Isso não representa o ideal divino de irmãos vivendo em união, que é “como o óleo precioso que desce sobre a barba, a barba de Arão…” (Salmo 133.2). Por melhor que aparente ser, não é união. Trata-se de pessoas caminhando lado a lado, evitando o menor toque. Isso impede tumultos, mas não produz comunhão, não atrai a bênção de Deus, não é “como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião, onde o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre” (Salmo 133.3)

Mesmo que eu não brigue com meu irmão em Cristo, isto não significa que eu o amo. Não significa que nossas vidas estão ligadas em um só Espírito, que o Espírito de Deus flui entre nós como em um só Corpo. Quer dizer apenas que me isolei dele o suficiente para caminhar ao seu lado sem que nossas almas se toquem. Somos lagartas em nossos próprios casulos e não sangue e vida do Corpo de Cristo.

Nós já experimentamos muitas vezes o que Deus pode fazer quando ele encontra um grupo, pequeno ou grande, que tem não apenas comunhão com Ele, mas comunhão uns com os outros. Então o Espírito opera, flui e faz sentir sua presença. O que dois ou três verdadeiramente concordam, o Pai verdadeiramente faz.

Precisamos de perdão, amor fraterno e comunhão. Estar não apenas reunidos, mas unidos em só coração e espírito. Não apenas ajuntados, mas unificados em amor, Naquele que nos chamou para andar Nele.

“… para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” (1 João 1.3)


 Naquele Dia

 

“… e só o SENHOR será exaltado naquele dia” (Isaías 2.11)

Naquele dia todas as nossas perguntas terão suas respostas e todos os nossos anseios encontrarão alívio. Nossas dores chegarão ao fim e as milenares promessas terão em nós o seu sim. Toda lágrima será enxugada e toda maldição será anulada. As trevas serão para sempre e completamente dissipadas pela luz, o mal já não será e Deus será tudo em todos.

Naquele dia todas as promessas serão cumpridas, revelando a cada um de nós o quanto valeu a pena crer, esperar e sofrer. O futuro justificará nosso presente e dará a ele um valor que não conseguimos ver agora. Lamentaremos não ter feito mais para Ele, não ter dado mais a Ele, não ter sido melhores Nele. Veremos quão pequenas foram as nossas expectativas diante da realidade revelada. Todas as nossas maiores bênçãos serão como nada diante do Abençoador.

Naquele dia o mundo saberá que há um só Deus, Soberano e Senhor sobre todas as coisas. Verão com tristeza que nenhumas de Suas advertências eram palavras em vão. Saberão que tudo o que sabem são ignorância e escuridão diante Daquele que habita na luz inacessível. Reconhecerão que suas negações não puderam anulá-Lo e que todas as suas fugas não puderam escondê-los dos olhos Daquele para quem todas as coisas estão nuas e palpáveis (Hebreus 4.13).

“Então se verá outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não serve a Deus” (Malaquias)

Naquele dia todo o mal será punido e todo bem será recompensado. Não haverá espaço para relativismos e nenhuma filosofia humana estará confortável. Só a verdade Deus triunfará. Sábios se perceberão tolos e muitos tidos por tolos verão quão real é o fato de que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria.

Naquele dia, a glória de Deus e de Seu Filho resplandecerá para sempre como o brilho de todas as estrelas juntas. A realidade da Sua presença, suplantará todas as realidades e o conhecimento da Divindade será percepção permanente. Toda oposição a Ele, toda resistência a Ele será quebrada para sempre e a morte será morta. Só o Senhor será exaltado naquele dia e Deus será tudo em todos (1 Coríntios 15.28)


 E o Verbo se Fez Carne

 

A verdade Bíblica da encarnação do Verbo me apaixona. Pensar que Deus, o Deus Eterno, se fez homem como todos os homem por amor a mim, faz com que o temor e a reverência me invadam. Nossa mente jamais será capaz de compreender tal profundidade. Sim, o amor de Cristo vai além de todo entendimento (Efésios 3.19). Nossa finitude se amedronta diante do infinito.

Por isso anotei alguns textos de autores de origem e épocas diferentes que procuraram expressar a grandeza desse acontecimento – a entrada de Deus no tempo e no espaço, enfim, na história.

JESUS… Ele podia segurar o Universo na palma da mão, mas abdicou disso para flutuar no ventre de uma virgem. (Max Lucado)

“… o próprio Deus, a segunda pessoa de uma igual e consubstancial trindade, foi manifestado na carne; sua eterna duração foi marcada pelos dias, e meses, e anos da existência humana; o Altíssimo tinha sido ofendido e crucificado; Sua impassível essência tinha sentido a dor e a angústia; sua onisciência não foi isenta da ignorância; e a Fonte da vida e da imortalidade expirou sobre o Monte Calvário” (Edward Gibbon, Declínio e Queda do Império Romano, Capítulo XL – tradução livre)

“Nascera Cristo mil vezes em Belém; se em ti não nasce, estás perdido eternamente” (Mestre Eckhart)

“Não podíamos seguir o homem que tínhamos sob os olhos e era-nos necessário imitar a Deus, que para nós era invisível; a fim, pois, de dar ao homem um exemplo e um exemplo visível, Deus fez-se homem” (Agostinho de Hipona)

“Ninguém jamais viu a Deus, no máximo fora um vislumbre. Foi então que essa Expressão única de Deus, que existe no próprio coração do Pai, se revelou, com a clareza do dia” (João, o apóstolo – Paráfrase bíblica A Mensagem do Evangelho de João 1.18)

“A Palavra da Vida se manifestou bem diante de nós. Somos testemunhas oculares! Agora sem floreios, contamos tudo a vocês. O que testemunhamos foi simplesmente incrível: a infinita Vida do próprio Deus tomou forma diante de nós” (João, o apóstolo – Paráfrase bíblica A Mensagem da 1ª Epístola de João 1.2)

“O que é o Logos (Verbo)? É uma palavra grega de sentido incrivelmente rico. Eis alguns dos sentidos: o logos representa a Palavra de Deus, a revelação de Deus, a fala de Deus, a sabedoria de Deus, a mente de Deus, a verdade de Deus, a razão de Deus, a filosofia de Deus. Jesus é a filosofia de Deus” (Peter Kreeft)


 Não Basta

 

Não basta termos a Bíblia. Precisamos lê-la. Não importa o número de traduções, tipos e edições que tenhamos em nossa estante. Nada disso produzirá qualquer efeito em nossas vidas se não lermos constantemente, perseverantemente, persistentemente as Escrituras. Não é a posse delas que tem poder para nos mudar. É o conhecimento do seu conteúdo que irá nos instruir, exortar, conformar e fortalecer a nossa confiança em Seu Autor.

Não basta ler as Escrituras. Precisamos meditar nelas, mastigar bem cada livro, cada passagem, cada palavra. Alimentos mal mastigados são mal absorvidos pelo organismo. As palavras da verdade encontradas na Bíblia só serão bem absorvidas pela nossa mente e espírito se acompanhadas de uma medição permanente e contínua. Meditar dia e noite foi o padrão estabelecido.

Não basta meditar na Palavra. Precisamos compreendê-la. E isso nem sempre acontecerá com uma primeira, ou segundo, ou mesmo terceira leitura. Todo aprendizado requer tempo, dedicação, zelo, cuidado. Muitos a leram antes de nós, deixando comentários, notas, explicações que nos ajudarão a entender seu conteúdo. O estudo das Escrituras não tem formatura, graduação ou pós-graduação. Levaremos a vida inteira estudando sem nunca poder dizer que esgotamos seu conteúdo.

Não basta compreender a revelação divina. É preciso experimentar cada verdade ali exposta, é preciso se apropriar de cada promessa, cada realidade entregue. Nela aprendemos o que Deus fez por nós e pode fazer em nós. Não é somente um texto, mas a descrição de uma realidade. Cabe-nos provar cada fato e sentir seu gosto da mesma forma como experimentamos sabores e cheiros e sons e toques.

Não basta experimentar tudo isso. É preciso praticar. Precisamos ser movidos de modo poderoso a executar suas ordens e obedecer seus mandamentos, cumprir seus preceitos. De tudo o que se tem ouvido o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos, pois esse é o dever de todo homem. (Eclesiastes 12.13).

E por fim, nas nos basta praticar tudo o que nos foi ordenado. É preciso praticar até aquele grande dia, quando tudo o que foi lido, crido, compreendido e experimentado, será real e vívido como a vida que vivemos no temor e devoção a Deus e à sua Palavra.


 Poema de Um Buscador

 

Seja em prosa, seja em rima

Quero escrever o Universo

Numa equação matemática

Nas linhas de um lindo verso

Em cantos cantar o cosmo infinito

Aquele que o olhar não alcança

O mundo externo que o homem contempla

O mundo interno do homem finito

Cruzar as tantas fronteiras

Distantes, distintas

Andar tantos campos que existem

Olhar cada canto e recanto

Neles expressar meu espanto

Quero louvar ao Supremo Poeta

Autor desta eterna epopeia

Eu, mero verso, nem sequer poema

Em parte rima, em parte dilema

Ator indagante de intricada cena

Quero Engrandecer ao Supremo Artista

Mestre Supremo de Suprema glória

Autor oculto da universal História

Autor amado de minha humilde história

Quisera eu caminhar em seus prados

Ou ao menos olhar com seu olhar meu mundo

Enxergar longe, ver tão profundo

A vida toda, com sua flor e cardos


 Elementos Essenciais da Adoração

 

“Tudo quanto tem fôlego, louve ao Senhor” (Salmo 150.6)

Louvor, adoração, cântico. Palavras sempre presentes nas Escrituras. Dentre os motivos pelos quais nos aproximamos de Deus este é o mais puro. Quando nos aproximamos para adorá-lo, não estamos pedindo nada nem para nós nem para ninguém. Estamos apenas exaltando a Deus por aquilo que ele é, fez e faz. Um dia, não haverá mais necessidade de fé, pois veremos as coisas como são. Não haverá necessidade de dons espirituais para edificar esta fé. Nem profecias, nem revelações, nem curas. Não será preciso pregar a Palavra. Não precisaremos nem mesmo orar ou pedir, pois teremos tudo. Então, neste tempo e por toda a eternidade, a adoração e o louvor a Deus será nosso único objetivo e deleite.

Para que a adoração aconteça, precisamos de três elementos.

O adorador. É a pessoa que executa o ato de adorar, seja ele verbal ou não, musical ou não. Na maioria das vezes somos conduzidos por um ministro de música, que acaba ganhando mais destaque do que o merecido.

A adoração. É aquilo que estamos oferecendo, expressando. Uma música, um gesto, palavras, expressões. Também aqui nossa preocupação com o ritmo, a melodia e a letra eclipsa o elemento primordial

O Adorado. Sim, o Adorado é o principal elemento da adoração. Não é difícil que de repente estamos cantando para nós mesmos. Nosso louvor se dirige mais aos ouvidos terrenos que ao Coração Celestial.

Mas Deus é a razão da adoração. Se não focarmos Nele, se não for Ele a razão consciente de tudo, então temos tudo, menos adoração.

É fácil desviarmos o foco de Deus e o colocarmos em quem canta e no que se canta. Valorizarmos o músico e a música e esquecermos que a razão de tudo é o Deus Todo-Poderoso. O canto e o cantor não têm qualquer valor, se Aquele para quem tudo é feito não se agradar, não receber nosso louvor e adoração. É provável que muitas vezes aquilo que nos agradou não tenha agradado a Ele. E então, não importa quanto pareça bonito, não tem nenhuma utilidade.

Deus é a origem, é a sustentação e é o destino de tudo o que envolve músicos, cantores, instrumentos, letras, melodias, canções e entoações diversas. Muitos podem cantar belas canções muitas vezes. Tocar o coração do Adorado, talvez não seja tão fácil assim.


 Deus e a Beleza

 

Tudo fez formoso em seu tempo… (Eclesiastes 3.11)

Nenhuma pintura ou fotografia de um pôr-do-sol é mais bonita do que o próprio pôr-do-sol. E isto vale para inúmeras paisagens naturais. A junção do sol, mar, praia e verde, forma um quadro tão exuberante que chegamos a desejar ter sido o artista que o criou. Se pintamos, tentamos retratá-lo na tela. Se fotografamos, logo procuramos o melhor ângulo. Se escrevemos, queremos expressá-lo em letras. Para a maioria de nós, essa beleza natural não nos permite duvidar de Deus. Ele não só existe, como é Superior ao mais superior dos artistas. O máximo que se pode fazer é imitá-lo. Esses belos quadros estão em todo lugar. Percorrer o mundo é contemplar a exuberância divina.

Quão belas as cores das flores e das borboletas, os perfumes das flores, o gosto doce das frutas, o som do canto das aves. Parecem ter sido feitos somente após muita espera, planejamento, cuidado, silêncio. E de repente, em um momento de inspiração de gênio, em um êxtase profundo e poderoso, foram então trazidos a existência. Nasceram tanto de sentimentos criativos de Deus, que não reteve em seu íntimo a beleza e a inspiração, como também pelo desejo desse mesmo Deus de encantar seu público. Não podia e não queria guardar em si tal realidade profunda e bela. Então surgiu o que surgiu.

Deleitosa é a criação. Seu verde, seu azul, seu vermelho. Seu doce comido e aspirado, seus sons inúmeros. Flores, frutos, árvores, relvas, peixes, aves, seres de diversos formatos, tamanhos, espécies. Um infinito de tudo, uma variedade infindável ainda não totalmente contada após tanto tempo.

E ao levantar dos olhos, ainda outro mundo. Se de dia, o astro rei qual tocha imensa dominando tudo. Se de noite, a poética lua e uma miríade de estrelas, gotas de fogo sobre o quadro negro. E entre as gotas, o infinito. Tudo tão belo e vivo. Tantas vezes pintado, cantado, ouvido por aqueles que pararam para testemunhar essas maravilhas. Deleitosa natureza.

Sem dúvida, os céus declaram a glória de Deus e o firmamento proclama a obra de suas mãos. (Salmo 19.1). Diante da beleza e da grandeza, nós nos rendemos e adoramos. A Ele toda glória!


 Quando o Calendário Muda

 

Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os tempos e as horas… (Daniel 2.20)

Em nossa mente, quando o calendário muda, algo também muda para nós. É uma sensação legítima de que um ciclo terminou e outro começa. Nossa tendência é colocar a esperança nesse novo ciclo. Nossa confiança se renova e se volta para o ano que inicia. Isto não é de todo ruim, pois esperança e confiança nunca são ruins. Todavia, isto não basta.

O tempo é apenas a tábua onde Deus escreve Sua história através da nossa. É menos que matéria prima. É o espaço onde o Todo Poderoso fará sentir seu poder e onde Ele manifestará Sua glória. Não é o tempo que mudará alguma coisa em nossa vida. É o Deus do tempo e da história. Infelizmente, o mesmo tempo no qual coisas boas e maravilhosas acontecem, também é o mesmo no qual ocorrem as grandes tragédias, os grandes dramas e as dores sem fim. E o calendário nada mais é do que uma testemunha fria e muda de tudo o que tem lugar em nossas vidas. Nele não está nossa esperança.

Nosso Deus, contudo, é o Deus de tudo. Em Suas mãos estão nossos anos, horas e dias. Cada instante é Dele. Nenhuma circunstância escapa ao Seu olhar, nenhuma atividade se afasta de Seu braço forte. É sobre uma Pessoa que lançamos as nossas ansiedades, uma Pessoa Viva e Poderosa. Não sobre o simples fluir do tempo. Nossa confiança está em Deus.

Não saudamos o ano novo, saudamos o Deus que está nele. Esse Deus para quem passado, presente e futuro são a mesma coisa. Esse Deus ilimitado que se fez homem limitado para nos salvar. O Deus Eterno entrou no tempo para nos trazer a eternidade e na história fundiu o infinito com o finito, o passageiro com o sem fim. Por isso cada ano novo tornou-se para nós um presente Dele.

Diante disso só podemos dizer como o salmista: “Ó Senhor, Tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração… de eternidade a eternidade Tu és Deus” (Salmo 90.1, 2).


 Natal, Deus em Missão

 

Deus teve um único Filho e fez dele um missionário. David Livingstone (1813 – 1873)

Muitos foram e são aqueles que deixando sua terra natal e seus parentes, partem para terras distantes para falar do amor de Deus. Eles renunciam qualquer outro futuro possível para si mesmos, para oferecer a outros um futuro eterno que é dado em Cristo. Muitos trocam uma vida de confortos e comodidades por uma vida de privação e simplicidade. Fazem isso em meio à críticas e incompreensão daqueles que os rodeiam. O chamado Daquele que os envia é muito mais forte.

No entanto, nenhum desses que partiram em missão fizeram, fazem ou farão renúncia maior do que Aquele que lhes inspirou. Jesus não os inspirou a tal entrega somente com suas poderosas palavras. Ele os inspirou com sua própria vida, esvaziada da plenitude divina e tornada igual à nossa.

“Mas conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico se fez pobre, para que por sua pobreza, enriquecêsseis” (2 Coríntios 8.9).

Não há dúvidas de que deixar um confortável apartamento com seu ar condicionado na cidade, para morar em uma pequena aldeia no interior da África ou da Índia, prova o grande amor que move alguém. Deixar os conhecidos que tanto amamos para nos dedicar a estranhos que decidimos amar é de uma nobreza rara neste mundo egoísta. E com tudo isto, Ele ainda fez muito mais.

Ele deixou sua glória, uma posição e um lugar que nossas palavras são insuficientes para descrever e nossa imaginação incapaz de alcançar, para torna-se um carpinteiro humilde da vila de uma pequena província romana. Ele realizou “o exemplo mais espetacular de identificação cultural da história da humanidade”. Não para falar da vida eterna, mas para ser Ele mesmo a vida eterna que tantos anseiam. Das maiores alturas aos lugares mais baixos da terra, Ele experimentou em si mesmo todas as dores, aflições e angústias que de fato não precisava experimentar.

Ele era diferente de nós como ninguém mais. Tornou-se em tudo semelhante a nós porque nos amou como ninguém mais. O natal é o símbolo desta missão. Deus Pai enviou a nós seu Filho que por nós se entregou.

Essa missão foi a redenção do universo e esse “missionário” o Redentor do mundo.