Resoluções Para o Ano

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. (1 Coríntios 9.24 – 26)

Novas atitudes trazem sempre novos resultados, novas sementes novos frutos. Que possamos decidir em nossos corações retirar de nossa vida as palhas e escombros que atrapalham e colocar nela aquilo que sabemos ser bom e que produz bons frutos. Que este ano possamos:        

 

Reclamar menos e adorar mais.

Ver menos televisão e ler mais a Bíblia

Falar menos da vida de outros e pregar mais o Evangelho.

Gastar menos tempo na internet e mais tempo em oração.

Falar menos e fazer mais.

Ajudar mais do que criticar.

Trabalhar mais, estudar mais, realizar mais.

Elogiar mais, sorrir mais, abraçar mais, tolerar mais, perdoar mais, amar mais.

Comer menos, dormir menos, ficar menos na ociosidade e em conversas vãs. Pecar menos (ou melhor, não pecar).

Que possamos ser mais santos e vivermos mais perto de Deus.

 

Em nossa fraqueza, nem sempre conseguimos ser em nossa vida aquilo que resolvemos em nosso coração. Ainda assim, vale a pena ter alvos e caminhar em direção a eles. Se não os alcançarmos plenamente, ao menos os atingiremos parcialmente e isso já será muito bom.

Se aquele que toma enérgicas resoluções tantas vezes cai, que será daquele que as toma raramente ou menos firmemente as propõe. (Tomas de Kempis).

É tentando o impossível que chegamos à realização do possível!

 


 Renovarão as Suas Forças

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os jovens certamente cairão. Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão. (Isaías 40.30, 31)

Após quinze anos de casado um irmão resolveu separar-se de sua esposa. Decidiu que não a amava mais e que por isso seria impossível continuarem juntos. A única solução possível era o divórcio. E ao planejar deixá-la, começou a buscar a direção de Deus para fazê-lo. Enquanto ela ia dormir, ele ia para a sala, orar e ler a Bíblia, consultado a Deus sobre a melhor para realizar a separação. Se para casar ele havia buscado a direção de Deus, também queria a direção de Deus para seu divórcio. Assim ele gastou alguns meses, comparecendo perante o Senhor e buscando por uma resposta do alto.
E a resposta do alto veio na forma como ele não esperava. Deus renovou o amor dele por usa esposa, de modo que ele apegou-se a ela com uma paixão renovada. Confessou que agora nada seria capaz de separá-lo dela. Já havia se passado mais dez anos e ele continuava completamente apaixonado. Deus renovou o seu amor.
Deus é um Deus de renovação. Neste nosso mundo decaído tudo envelhece, tudo enfraquece, tudo pende para baixo. Por isso precisamos de renovação contínua do Senhor. Precisamos de novas forças, de um novo amor, de uma nova paixão por tudo aquilo que Ele um dia colocou em nossos corações e em nossos caminhos. Ele é o Deus renovador.
Ele tem poder para fortalecer nosso ânimo, para reacender nosso amor, para nos fazer caminhar com a mesma intensidade que já caminhamos outras vezes. Deus pode renovar você! Não, a solução não é parar, não é fugir, não é largar o que Deus nos deu! A solução é buscar Nele a força que precisamos para ir até o fim. A solução é abrir nossa alma à atuação divina. Não é questão de mero vigor físico, pois não é o corpo que sustenta o espírito, mas é o espírito que sustenta o corpo.
Esse é vigor espiritual que Deus transmite à nossa vida interior. Ele é a nossa fortaleza.


 Raízes e Frutos

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

 

Dias virão em que Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo. (Isaías 27.6)

mas a raiz dos justos produz o seu fruto. (Provérbios 13.12)

 

Sem raízes não há frutos. Por mais frondosa que seja uma árvore, por mais robusto que seja seu tronco, somente uma árvore com raízes profundas e firmes dará frutos com perseverança. Nada pode substitui-las. Diante dos ventos fortes e das grandes tempestades, serão as plantas e árvores com tais raízes que permanecerão.

Na parábola do semeador a planta que morreu foi aquela sem raízes profundas (Mateus 13.20, 21). Não chegou a produzir frutos. A dureza do solo impediu que as raízes se aprofundassem e toda a planta morreu com as primeiras condições adversas, sem nada produzir.

Não há atalhos, não há paliativos. Sem isso não haverá vida, não haverá crescimento, não haverá resultados, não haverá nada. Crente frutífero precisa ter raízes profundas em pelo menos três áreas.

Primeiramente ele precisa de raízes profundas na casa de Deus. Não significar tornar-se um “igrejeiro”, mas um apaixonado pelo lugar de adoração, de comunhão. Mesmo as feridas e dores ali experimentadas nos ajudarão a crescer. Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. (Salmo 92.12, 13).

Em segundo lugar ele precisa ter raízes na Palavra de Deus. Sua mente precisa pensar a Palavra e ele precisa experimentar a Palavra. Deve escondê-la no seu coração. Ela reflete o coração de Deus e precisa ser fincada em nossos corações. Sua satisfação está na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! (Salmo 1.2,3).

E por fim, mas não por último, precisa estar enraizado em Cristo. Um coração frutífero é o coração que tira do Senhor sua força, sua sabedoria, sua vida. Ele é a Videira, nós somos apenas ramos. Nele vivemos, nos movemos e existimos. Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. (Colossenses 2.7, 8).

Precisamos estar em Deus, firmados, aprofundados, enraizados. Em Sua Casa, em Sua Palavra, em Seu Filho. Feito assim, os resultados virão por si só. Esse é o caminho.


 Quem Deus é Para Você

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Claro que Deus intervém constantemente em nossas vidas e age em Sua Providência para trazer proteção, direção, cura, libertação, mudança. É evidente que Ele não nos deixa e não nos desampara, não nos abandona e não nos esquece. Muitas vezes no passado nós vimos Sua mão poderosa e por esse motivo levantamos nossos olhos hoje, aguardando a manifestação da sua bondade.

Eis que assim como os olhos dos servos atentam para a mão do seu senhor, e os olhos das servas para a mão de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o Senhor nosso Deus, até que Ele se compadeça de nós (Salmo 123.2).

No entanto, corremos o sério risco de ver em Deus apenas alguém para resolver nossos problemas, uma espécie de pronto-socorro divino, uma caixa de vidro com um aviso “quebre em caso de emergência”. Se nós O enxergarmos apenas como um mordomo pronto a atender nossos pedidos, sejam eles quais forem, então não estamos vendo corretamente. Ele é o Senhor, Ele é o Soberano, Ele é o Absoluto. Nós somos apenas servos submissos de um Rei bondoso, a quem sim, devemos buscar, mas com temor  e tremor.

Alguém já fez a seguinte comparação: “O cachorro diz para seu dono: Você me acaricia, me alimenta, me abriga, você me ama. Você deve ser Deus. Já o gato diz: Você me acaricia, me alimenta, me abriga, você me ama. Eu devo ser Deus”. A maneira como olhamos para Deus determinará nossas atitudes diante Dele.

Deus é Deus mesmo quando parece calado, mesmo quando parece imóvel. Grande é a distância entre nossa ignorância e a onisciência Dele. Nossa débil força é poeira diante de Sua Onipotência. Devemos pedir, devemos esperar, devemos confiar. Jamais, porém, podemos exigir que Ele se curve aos nossos caprichos ou ao nosso limitado entendimento.

“Ainda que Ele me mate, contudo, Nele esperarei”, disse Jó (Jó 13.15). Essa era a declaração de um homem abençoado e cuidado pelo Senhor, mas que sabia quem ele era e quem era o Seu Deus.

Ele é o Senhor. Eu, apenas um servo que espero em sua misericórdia.


 Que a Graça Não Seja em Vão

Por Eguinaldo Hélio de Souza

A salvação de Deus não é uma coisa qualquer em sua vida. É a coisa mais maravilhosa que poderia ter acontecido. Ele nos tomou a nós, que pertencíamos ao reino das trevas e nos trouxe para o reino do seu Filho (Colossenses 1.13). Ele nos lavou com o sangue de Seu Filho, fez de nós nova criação em Cristo Jesus, nos fez morada do seu Espírito. Ele nos deu vida eterna, fez de nós sua herança, nos destinou a uma eternidade de glória em sua Presença.

E por que Ele fez assim conosco? Por que nos deu tanto de Si? Por que nos amou de tal maneira? O que viu em nós? O que achou em nós além de rebeldia e pecado? Nada. Ele não viu nada em nós. Nenhuma justiça, nenhum merecimento, nada que o obrigasse a fazer por nós coisas tão grandiosas. E ainda assim fez o que fez. Fomos alcançados por sua imensa graça, que pode ser descrito como um amor imerecido. Essa graça imensa fez de nós totalmente outros. Ainda somos pecadores, mas agora, pecadores inundados pela graça.

E que fazer agora com esta graça? Como viveremos nela? Algo grandioso aconteceu conosco, não podemos viver em vão. Não podemos permitir que tal graça seja inútil, que não produza os frutos grandiosos que só ela pode produzir. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi inútil (1 Coríntios 6.10).

Deus fez algo tremendamente especial. Somos um contraste com tudo que está ao nosso redor. E essa transformação não permite que sejamos passivos neste mundo. Fomos transformados para transformar, para tocar o íntimo das pessoas da mesma forma que Ele tocou e mudou nosso íntimo. Não podemos viver da mesma forma, pois sua graça jamais pode ser inútil e vã.

“Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem em vão a graça de Deus” (2 Coríntios 6.1), nos exortou o apóstolo Paulo. Essa graça poderosa não veio sobre nós apenas para nos transformar, mas também para nos mover. Essa graça imensa não nos alcançou para dormir em nós, mas para nos levar adiante e nos transformar em árvores frutíferas ou mesmo em um pomar.


 Quanto Você Quer do Cordeiro?

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Quando Deus tirou o povo do Egito Ele o fez por meio de um cordeiro (Êxodo 12). Esse cordeiro representava Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Naquela noite Deus os estava tirando da escravidão para liberdade e cada instrução dada era de extrema importância. Dentre outras coisas o Senhor lhes disse:

Naquela mesma noite comerão a carne assada no fogo, com ervas amargas e pão sem fermento. Não comam a carne crua, nem cozida em água, mas assada no fogo: cabeça, pernas e vísceras. (Êxodo 12.8, 9)

O cordeiro deveria ser comido em sua totalidade e não apenas as partes melhores. Cabeça e vísceras também deveriam ser comidas. Essa foi a ordem.

Muitos querem apenas um pouco de Jesus, o suficiente para se sentirem bem. No entanto, temos de tomar o cordeiro todo. Temos de nos comprometer de forma integral com Jesus, aceitando o preço de segui-lo, de obedecê-lo.

Isto tem seu preço. Precisaremos dizer não para coisas que o mundo aceita. Se queremos romper com as amarras de nosso passado e caminhar em direção às promessas de Deus, temos que assumir compromisso total com o Evangelho.

O evangelho não é composto apenas por músicas bonitas e pregações motivadoras. Sua mensagem é a mensagem da renúncia, da santidade, do sofrimento se isso for necessário. Não é fácil perdoar, não é fácil caminhar ao lado de quem nos ofende, não é fácil deixar hábitos antigos que estão enraizados em nosso coração. Mas é necessário.

Comer o cordeiro todo significava total comprometimento com a proposta divina. Quem quisesse continuar no Egito poderia continuar, mas quem quisesse sair precisava obedecer e provar também as partes menos saborosas.

Não amamos as aflições, não amamos as lutas espirituais, não amamos as exigências divinas que vão contra a nossa natureza humana decaída. Entretanto, amamos a Cristo e por amor a Ele estamos dispostos a experimentar o que não gostamos.

Chega de querer de Jesus somente o que nos satisfaz. Chega de fugir quando as lutas começam e nos defrontamos com os inconvenientes do viver cristão. Não enganemos a nós mesmos. Deus só abriu o Mar Vermelho para os que aceitaram o Cordeiro em sua inteireza. Só os que aceitam as lágrimas comerão os frutos, só os que comprometem plenamente com o Cordeiro reinarão com o Cordeiro.


 Quando Oramos

Por Eguinaldo Hélio de Souza

A simples atitude de orar sempre, já demonstra muita coisa importante. Há uma mensagem para Deus e para o mundo quando dobramos os nossos joelhos e nos dirigimos ao trono do Altíssimo. Só quem não conhece a Deus não ora. Quem o conhece realmente sabe que não pode viver sem oração. E quanto mais o conhecemos e mais conhecemos a nós mesmos, mais sentimos necessidade de buscá-lo.

Orar é uma maneira de dizer a Deus que o amamos. Quando amamos alguém, nós o buscamos, pagamos um preço para estar com ele. Quando estamos ocupados demais para dar atenção, estamos dizendo que outras coisas são mais importantes do que essa pessoa. Quando deixamos nossos afazeres e gastamos tempo com quem dizemos amar, mostramos de fato o quanto tal pessoa é importante para nós. Parar e orar em meio à correria da vida é dizer a Deus que o amamos de tal forma, que tudo o mais é menos importante do que Ele.

Orar é mostrar a Deus que confiamos. Deus já sabe o que precisamos. Sabe até o que vamos pedir. Nada em nós é oculto aos seus olhos. Não há nada que digamos que irá acrescentar algo a Ele. E, no entanto, quando compartilhamos com Deus nossos anseios e necessidades, quando suplicamos sua ajuda, estamos mostrando o quando confiamos Nele, o quanto contamos com Ele. Dessa forma, nossa vida e caminho se ligam e se tornam um só. Essa confiança gera comunhão, gera unidade, gera intimidade.

Orar é uma forma de mostrar que somos incompletos sem Deus. Não existimos para nós, existimos para Ele. Só somos plenos quando estamos Nele. Dependemos Dele da mesma forma que os nossos pulmões dependem de ar e o nosso corpo de água. Ele não é uma opção para a minha alma, Ele é vital para minha existência. Somos menos nós mesmos quando nos distanciamos Dele e completos quando cheios Dele.

Deixar de orar é dizer que há coisas mais importantes do que Deus, é deixar de expressar confiança, é achar que bastamos a nós mesmo quando isso não é verdade. Buscai-me e vivei (Amós 5.4). Buscar a Deus é viver. Não buscá-lo é morrer.


 Quando o Tempo se Encerra

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Geralmente pensamos que quando Deus nos dá uma tarefa é para sempre. Às vezes isso pode ser verdade, mas nem sempre. Ele pode nos colocar em um determinado lugar, para fazer uma determinada coisa, somente para um tempo determinado. Terminado o tempo, Ele então nos conduzirá a outra tarefa.

Foi o que Elias experimentou. Deus o enviou ao Leste do Jordão, junto ao ribeiro de Querite e ali o sustentou (2 Rs 17.2-6). Entretanto, em um dado momento o ribeiro secou e Deus o enviou para Serepta de Sidon (2 Rs  17.9). E ali ele permaneceu até nova ordem.

É muito fácil nos tornarmos servos da obra de Deus ao invés de servos do Deus da obra. É correto amarmos aquilo que Deus colocou em nossas mãos para fazer. Errado é amar nossa missão mais do que amamos o Deus que a deu. Principalmente quando estamos muito tempo fazendo determinada coisa, na qual já temos experiência e prática, fica difícil nos desligarmos. Queremos continuar junto ao ribeiro de Querite, mesmo que este tenha secado, mesmo que tenha chegado a hora de irmos a outros lugares  para fazer outras coisas.

Temos medo do desconhecido, da mudança, do novo e por isso, quando temos que tomar outra direção, ainda que seja por Deus, tememos. Não aceitamos que o tempo se encerrou. Preferimos as dores daquilo que já conhecemos a experimentar as coisas boas que estão sendo propostas, preferimos o ribeiro seco de Querite à abundância do Líbano. Talvez seja por isso que o poeta Gibran tenha perguntado “e quem pode despedir-se sem tristeza de sua amargura e de sua solidão?” [Gibran Kalil Gibran, O Profeta].

É preciso confiar em Deus para largar aquilo que Ele mesmo nos deu. No entanto, a obra não é nossa, é dele. Nossa vida precisa estar presa em Deus, não na obra que Ele nos entregou por tempo determinado.

Elias sempre soube aceitar as mudanças que Deus fazia em sua vida. Podemos e devemos amar a missão que Ele nos deu. Só não podemos amá-la mais do que a Ele. Ele é a nossa vida. E só Ele. Se a hora chegou, largue o que tem de largar e deixe Deus guiá-lo para onde tem de ir.


 Quando Não Houver Luz

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Houve momentos e haverá momentos em que tudo ficará muito escuro. Parecerá não apenas que Deus está em silêncio, mas que também está imóvel, observando nosso sofrimento. Tudo parecerá frio e sem sentido, até mesmo as coisas que sempre nos fortaleceram. Os cânticos, as orações, e mesmo a Palavra não nos ajudarão. Seremos tomados por uma sensação de impotência. Nós, que tantas vezes ajudamos outros com nossas palavras e ações, sentiremos que essas mesmas palavras e ações são incapazes de nos fortalecer e animar.

Eis que ensinaste a muitos e fortaleceste as mãos fracas. As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos vacilantes fortificaste. Mas agora que a aflição vem a ti, tu te desanimas; sendo tu tocado, te perturbas. (Jó 4.3-5).

São momentos em que o Vale da Sombra da Morte parece não chegar ao fim e tememos ficar para sempre presos dentro dele. Tentamos achar algum sentido, alguma direção e, no entanto, nada definitivamente alivia nossos corações. Nem mesmo a vara e o cajado do Pastor parecem presentes.

E com tudo isso ainda é possível continuar caminhando. Pois há uma confiança interior que permanece mesmo nos piores vendavais. As lembranças do que Deus já fez não podem ser apagadas por essa escuridão e vazio. Quem Ele é ficou fortemente fixado em nossos corações e nunca, nuca será removido.

Deus não é menos Deus nesses momentos. Nossa escuridão interior não obscurece quem Ele é, pois Ele é luz e não há Nele trevas nenhuma (1 João 1.5), e a verdade é que para Ele as trevas e a luz são a mesma coisa (Salmo 139.12). Nem a mais profunda tristeza da nossa alma pode deixar Deus mais distante de nós. Nenhuma sensação de abandono pode fazer com que Ele nos deixe. As duras experiências interiores não mudam a Deus. Ele sempre será a Rocha  sobre a qual nossa alma poderá se apoiar.

Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor e firme-se sobre o seu Deus. (Isaías 50.10)

Nem sempre haverá luz. Contudo, sempre haverá aquele que é a Luz do mundo que só poderá ser visto pela fé dos que Nele confiam.


 Preso do Senhor

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo… (Filemon 1)

 “Preso do Senhor” foi uma expressão usada pelo apóstolo Paulo para se definir a si mesmo. Devido à pregação do Evangelho, ao conflito com grupos religiosos judaicos e com a cultura idólatra do Império Romano, ele foi encarcerado diversas vezes. Viveu parte de seu ministério na cadeia e ali o exerceu.

Em nenhum momento ele enxerga essa situação como um drama. Não há lágrimas, lamentações, murmurações, nem mesmo indagações. “Por que meu Deus?”. Se ele não dissesse, sequer saberíamos que ele estava na cadeia. Sua carta mais alegre (aos filipenses) é uma das epístolas da prisão.

Também não acusou o sistema judicial romano de injusto. Sequer o demonizou. E mais ainda. Ele não se considerava um preso do Império Romano, mas um preso do Senhor. O Senhor, e só o Senhor era o motivo dele estar ali. Sua compreensão do relacionamento Senhor-servo entre ele e Cristo era muito claro. Aquele era o primeiro senhorio sobre sua vida e todas as demais autoridades não passavam de sombra dessa realidade maior que é a soberania de Cristo. Isto é ser de fato, um preso do Senhor.

Muitos têm vivido suas vidas em conflito permanente com a vontade do Senhor. Não é que não sabem qual é a vontade Dele. É que não se renderam à vontade Dele. Não compreendem que acima das circunstâncias humanas e passageiras, está o Plano Dele. Quem está Nele está em Seu Plano. Quem é de Cristo, é prisioneiro de Cristo. E quem é Seu prisioneiro, escolhe as escolhas Dele.

Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14.8).

A liberdade, sem dúvida, é um valor inestimável e uma condição pela qual temos que lutar. Liberdade de crença, de expressão, de escolha. Todavia, uma prisão em Cristo é liberdade. Liberdade sem Cristo é escravidão. “Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e, da mesma maneira, também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo” (1 Coríntios 7.22).

Cristo é a nossa liberdade, seja em mundo livre, seja nas masmorras do Egito, de Roma ou em qualquer lugar do mundo.