“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda”. (João 15.1, 2)
Após décadas de tabaco, meu cunhado escutou o veredicto do médico: “Você escolhe. Ou vive ou fuma”. Sem rodeios, sem meias soluções. Drástico, todavia, eficaz. E eu pergunto se há soluções amenas para problemas profundos, se se pode ser suave diante de uma realidade dura.
Semear é uma tarefa que até pode ser realizada com calma e de maneira agradável. Mas creio que arrancar a venenosa erva daninha não possa ser feito deste modo. É preciso às vezes ser chocante, apelar para o não comum, agir de modo até mesmo agressivo. Corrigir erros custa um preço. Ouvi que na Turquia, quando um motorista é encontrado dirigindo bêbado, é levado pelas autoridades para um lugar bem longe no deserto e deixado lá. Choca nosso senso ocidental. Tanto quanto nosso índice de acidentes de trânsito choca aos turcos.
Há em nós muitas coisas que não serão corrigidas de modo suave. Maus hábitos enraizados desde a infância, maneiras incorretas de pensar, costumes que vão contra a Palavra de Deus, heranças negativas recebidas de nossos pais. São barreiras muito fortes impedindo o agir de Deus. E quando Ele trabalha para arrancar isso de nós é um processo doloroso, que se tivéssemos escolha, recusaríamos.
Antes de ser afligido eu andava errado, mas agora eu guardo a sua Palavra (Salmo 119.67). Foi-me bom ter sido afligido, para que eu guardasse os teus estatutos (Salmo 119.71), escreveu o salmista.
Ninguém amadurece sem dor, nem cresce em Cristo sem que a poda divina, com sua tesoura afiada, ampute o que impede nosso avanço. Como escreveu Francis Schaeffer: “Minha vida não é feita só de cânticos e vitórias”1. Certos acontecimentos de nosso passado, que no momento pareciam estar arrancando nossa alma, mais tarde foram visto como cura.
Deus é o Grande Agricultor cuja semente nos deu vida nova e em seu Filho temos a seiva que nos alimenta e sustenta. Não precisamos temer suas ações. Mesmo as mais dolorosas vão curar a nossa alma.