Os Coices de Jesurum

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Engordando Jesurum, deu coices… (Deuteronômio 32.15)

Muitas pessoas vieram a Deus abatidas, aflitas, caídas, destruídas. E Ele as restabeleceu, abençoou, fortaleceu. Não passavam de ossos secos, por dentro e por fora. Com sua Palavra e com seu Espírito as levantou e fez suas vidas prosperarem.

Infelizmente, muitas dessas pessoas só se mantiveram humildes e apegadas às coisas de Deus enquanto no processo de restauração. Ao se virem fortes e abençoadas, perderam o temor, a simplicidade, virando as costas para Deus. Deixaram de orar, ler a Bíblia, ir à Igreja. Começaram a ver defeitos em tudo todos, menos em si mesmos. Passaram a dar coices.

Esse processo é muito comum. Quantas pessoas não foram para o seu empregador, lamentando sua situação, pedindo uma chance para demonstrar suas capacidades. Após algum tempo esqueceram a mão misericordiosa que as acolheu, passando a criticar tudo, maldizendo os que o ajudaram.

Sim a situação hoje está difícil, mas Deus vai transformá-la. E à medida que o tempo passar você experimentará o poder restaurador de Deus. Os tempos ruins ficarão para trás e tempos de alegria, paz e abundância virão. Somente não permita que suas bênçãos sejam motivo para a queda, que os tempos das vacas gordas o façam esquecer o que Deus fez. Lembre-se de sua advertência:

Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do SENHOR (…) Não digam, pois, em seu coração: ‘A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza’. Mas, lembrem-se do SENHOR, o seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê. (Deut 8.12-18)

Se você “engordar”, não dê coices. Mantenha-se humilde. Essa será a sua vitória permanente. Se Ele o abençoa, temo-o mais, ame-o mais.


 Ore Pelas Suas Orações

Por Eguinaldo Hélio

 

 

Pode parecer estranho falar em “orar por nossas orações”. Todavia, até mesmo as nossas orações precisam ser tocadas e mudadas por Deus.

A Bíblia conta que em certa ocasião Jesus estava orando e os seus discípulos o viram. Provavelmente ficaram impressionados com a forma como ele fazia. Eles eram judeus e a oração era uma prática muito comum entre eles. Todavia, ao verem Jesus orando perceberam que havia algo diferente. Aproximaram-se dele e pediram “Senhor, ensina-nos a orar”. (Lucas 11.1)

“Ensina-nos a orar” deveria ser nosso pedido constante. Queremos orar melhor, queremos orar mais tempo, queremos orar com mais eficácia. Nós queremos fazer orações que funcionem. Oração não é a lâmpada de Aladim que vai atender todos os nossos desejos. Mas é o caminho pelo qual teremos acesso a tudo de melhor que Deus tem para nós.

Temos de ler o que a Bíblia diz sobre oração. Temos que ler o que homens de oração escreveram e fizeram. Temos que orar para aprender a orar. Entretanto, Jesus disse que o Espírito Santo nos ensinaria todas as coisas (João 16.26) e com certeza orar de forma eficaz é uma delas.

Precisamos orar pelas nossas orações para que essas correspondam exatamente aos desejos do coração de Deus. Só assim elas serão eficazes. Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. (Romanos 8.26, 27).

Algumas orações são acompanhadas da revelação divina. As pessoas vão orando por outras e a medida que oram pedem justamente pelas necessidades daquelas pessoas sem que ninguém tenha dito nada. São pessoas conscientes de que somente Deus conhece tudo. Somente seu Espírito pode nos dirigir sobre o que e como pedir. Orações não são belas palavras ditas ao vento. São o peso do nosso coração, dirigidos ao coração do Pai.

Que a partir de hoje possamos dizer como os discípulos: “Senhor, nos ensina a orar”. E deixemos seu Espírito colocar em nosso espírito o que realmente precisa ser orado e como o deve ser feito. Sejamos verdadeiramente usados por Deus na oração.


 Oração e Vontade

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Não basta pedir. É preciso querer. Não basta orar. É necessário desejar de todo coração aquilo que levamos diante de Deus. A oração não sai da boca, sai do coração. E Deus ouve o clamor dos corações, mais do que palavras de nossas bocas.

Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. (Romanos 10.1)

Paulo não apenas orava pela salvação dos judeus. Ele a desejava ardentemente. E esse desejo que precede ao clamor move a mão de Deus. Não palavras vazias articuladas ao vento, mas palavras produzidas por um coração ansioso e desejoso da resposta.

Sempre que nós oramos com todo o nosso coração, fosse pedindo uma palavra ou uma direção, fosse pedindo provisão ou cura, nós obtivemos a resposta. Foi um clamor poderoso, pois veio do mais íntimo do nosso ser e chegou até Deus, e a resposta veio. Ele ouve a alma do homem, mais do que suas cordas vocais.

Às vezes, devido à nossa angústia, nossa oração é tão intensa que sequer o som de nossa voz pode traduzi-la. É quando o som do coração é mais alto do que o som de nossa garganta e os gemidos do Espírito ecoam até o trono do Pai (Rm 8.26, 27). É como a oração de Ana que em seu silêncio se fez ouvir diante de Deus.

E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli fez atenção à sua boca, porquanto Ana, no seu coração, falava, e só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz (1 Samuel 1.12, 13)

Muitos filhos só estão vivos por causa da oração de suas mães! Elas não apenas oram por eles. Elas desejam profundamente o melhor de Deus para eles. Suas orações são muito mais do que meras palavras!

Precisamos sim, orar. No entanto, antes precisamos desejar de todo coração as coisas pelas quais oramos, seja para um ente querido, seja por  nossa própria vida.

As orações de nossos lábios precisam refletir o intenso desejo de nosso coração, da mesma forma como o desejo de nosso coração deve refletir o desejo do Espírito. Essa é a oração poderosa, a oração que Deus escuta e que move seu onipotente braço e provoca Sua ação neste mundo.


 Oração e Ação

Por Eguinaldo Hélio de Souza

           

Uma coisa eu pedi ao Senhor e a buscarei… (Salmo 27.4)

Alguém já disse que devemos orar como se tudo dependesse de Deus. E devemos trabalhar como se tudo dependesse de nós. Separar as duas coisas dessa forma nem sempre é fácil, mas, de fato, orar e agir em Deus fazem parte do processo das conquistas. Oração e ação não são coisas opostas. São atitudes complementares e cada uma tem a sua devida importância. “… esforça-te e clama…” (Gálatas 4.27), busca o alto e avance, renda-se a Deus e lute. Quando lemos as Escrituras vemos que os planos de Deus se concretizam por esse caminho.

Quando Jacó foi ao encontro de seu irmão Esaú, temeu, pois o havia enganado anteriormente. Então orou a Deus (Gênesis 32.9-12) e tomou atitudes que viessem a trazer reconciliação entre ambos (Gênesis 32.13-21). Dessa forma ele aplacou a ira de seu irmão.

Da mesma forma vemos Neemias. Ele não era apenas um homem prático, um homem de ação. Era também alguém que acreditava na oração como todo o seu livro nos permite perceber. Nele vemos a oração e a ação trabalhando harmoniosamente lado a lado. Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e pusemos guarda contra eles de dia e de noite. (Neemias 4.9)

A ação, quando tocada pela oração, torna-se algo completamente diferente. Não é mais uma ação qualquer, mas uma ação tocada pelo poder e pela sabedoria do alto, uma atitude que procurou se harmonizar com os propósitos do Altíssimo. Isso faz toda a diferença.

Quando oramos, nossas ações são energizadas com o poder de  Deus. Já não estamos fazendo algo com nossas próprias forças, mas na força do Senhor.  Já não é nossa debilidade que está atuando, mas o poder Dele. Ele multiplica nossa força e nosso vigor. (Isaías 40.29)

De mesma forma ações feitas em oração trazem consigo a sabedoria divina. Então, o Deus onisciente e infinitamente sábio trás para minha mente uma clareza e uma compreensão que eu não tenho em mim mesmo. Posso caminhar na sua luz.

Orar antes de agir é reconhecer nossas limitações e fraquezas. Agir depois de orar é reconhecer que “eu posso todas as coisas, Naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13).


 Oração de Marta

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Perdoe, Senhor, a minha tolice, minha imaturidade, minha falta de sabedoria. Perdoe-me por pensar que minha correria vale mais que minha oração, que minha fadiga vale mais que meu louvor, por pensar que correr em teu nome é o mesmo que amá-lo. Quantas vezes eu te amei pelo que Tu podias fazer por mim ao invés de amar-te por quem Tu és. E por causa disso eu pensava que querias não a mim, mas meus serviços. Quanto engano.

Corri para agradar-te quando devia aquietar-me e ouvir-te. Fiz bolhas nas mãos e nos pés quando deveria ter calos nos joelhos.  Querias os meus ouvidos e meus olhos em Ti e não tiveste, por isso não tiveste também meu coração. Eu estava ocupada demais para reconhecer, como fez minha irmã, que aquele tempo era especial.

Sempre critiquei os que não se agitavam como eu. Sempre reclamei daqueles que viviam de joelhos e pareciam produzir tão pouco. Nunca percebi que o brilho de seus rostos e a unção de suas vozes faziam muito mais do que meu cansaço. Eram fruto do tempo que gastavam contigo. Falava de sua oração sem ação quando o meu problema era minha ação sem oração. Eles moveram Tua mão, que moveu o mundo, ao passo que eu movi apenas a minha própria e fraca mão. Muito fiz, pouca coisa transformei.

De que vale meu serviço sem comunhão contigo? Minha agitação sem adoração? O preço de Tua glória é nosso tempo em Tua presença, tempo que não paguei, tempo que eu disse não ter, tempo ao qual não dei valor porque acreditava que toda minha correria podia substituir a capacitação que vem de Ti. Tolice, tolice, tolice.

Sei que há tempo para todo propósito. Sei que há momentos para agir, para fazer, para realizar em Teu nome e para tua glória. Só não percebi que esses momentos, quando excessivos e indevidos, roubam os momentos preciosos de estar em tua presença para adoração, comunhão, oração.

Eu devia ter parado naquele dia, naquela hora, naquele instante. Tu estavas ali me esperando, mas eu não estava à Teus pés. Tinhas palavras preciosas para o meu coração, mas eu não tinha ouvidos para elas. Eu precisava de tanto e esse tanto estava em Ti. E eu estava longe, com minha mente e meu coração. Era o tempo de Tua visitação e eu não a aproveitei.

Quantos momentos preciosos como esses eu perdi? Quantas vezes minha ansiedade me levou à agitação ao invés de me levar aos Teus pés? Quantas vezes o orgulho pelos resultados do que fiz por Ti, me afastou de Ti mesmo e me deixou sozinho comigo?

Perdoe-me Pai, por não ouvir-Te quando me falavas, não receber o que me davas e não enxergar-Te quando de modo maravilhoso querias revelar-Te a mim. Perdoe-me por substituir a oração pela agitação e por não desejar como Maria a melhor parte que ninguém pode tirar.


 Oração de Entrega

Entrego o meu caminho ao Senhor, confio Nele, pois Ele tudo fará (Salmo 37.5)

Dou a Ele a minha agenda

Confio a Ele todos os meus dias

Todos os meus passos

Todos os meus planos

Cada uma das minhas decisões

Não sou meu, sou Dele

Estabeleça Ele meus compromissos

Feche e abra minhas portas

Leve-me para onde devo ir

Apresente-me a quem devo conhecer

Tenha Ele os meus pensamentos e o meu sentir

Que eu ore Suas orações

Que eu fale Suas palavras

Que eu decida Suas decisões

Não sou nada e nada tenho que não seja Dele

Tudo é Dele

Meu Senhor, Salvador, Libertador, Supridor, Condutor, Capacitador

 

Meu Deus, meu amor! Vós sois todo meu, e eu todo vosso!

(Tomas de Kempis)

Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória pois a Ele eternamente! (Romanos 11.36)


 Olhos Abertos

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Quando se trata de realidades espirituais é muito fácil não enxergar o que está diante de nós. Sobre os discípulos nós lemos que “seus olhos estavam como que fechados” (Lc 24.16). Não foram capazes de reconhecer o Senhor que a caminhava ao seu lado. Nós não somos muito diferentes.

Quando Hagar foi mandada embora por Abraão ela se deitou debaixo de um arbusto para morrer, pois a água de seu odre havia acabad o. Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu uma fonte. Foi até lá, encheu de água a vasilha e deu de beber ao menino (Gn 21.19). Havia água abundante, mas ela não a viu. Assim há muitos morrendo juntos às fontes de Deus sem enxergá-las.

Também quando Balaão tomou o rumo em direção à terra de Canaã o Anjo do Senhor se pôs no caminho para matá-lo, pois ele estava sendo movido por ganância e maus sentimentos. Até a mula que estava sob ele viu o Anjo enquanto ele mesmo não o viu. Até que seus olhos foram abertos e ele pode ver o perigo que estava correndo. Então o SENHOR abriu os olhos de Balaão, e ele viu o Anjo do SENHOR parado no caminho, empunhando a sua espada. Então Balaão inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra (Nm 22.31). Com olhos vendados há muitos seguindo um caminho de destruição.  

Até mesmo a Palavra de Deus pode permanecer um livro fechado para nós. Muitos são aqueles que a lêem, mas é como se não tivessem lido. Seu entendimento permanece fechado e eles não são influenciados pelas Escrituras. É como se Deus nada lhes falasse através delas. É preciso que os olhos do nosso entendimento sejam abertos e a luz de Deus em suas páginas ilumine nossos passos e oriente nossa caminhada. Assim foi com os  discípulos. Então [Jesus] lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras. (Lc 24.45). Por isso a oração do salmista “Abre meus olhos para que eu compreenda as maravilhas de tua lei” (Sl 119.18) tem de estar sempre em nossos lábios.

Que o Senhor abra os nossos olhos para bebermos de suas fontes, desviarmos nossos pés da morte e vivermos à luz da sua Palavra.


 Obrigado Mãe

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

… até que eu, Débora, me levantei. Levantei-me como uma mãe em Israel… (Juízes 5.7)

 

Obrigado mãe, por ser quem você é, por fazer o que você faz, por dizer o que você diz. Nem sempre aceitei você, nem sempre compreendi suas ações, nem sempre acolhi suas palavras. No entanto eu sei que foi você, com suas ações e palavras que me fizeram chegar até aqui.

Foi você que me animou tantas vezes, me consolou tantas vezes e que tantas vezes me repreendeu para que eu voltasse para o caminho certo. Foi você quem fez de mim o que sou hoje e se venci, não venci sozinho. Minha vitória é sua também.

Obrigado mãe, por ter me ajudado, mesmo sem me entender, por ter me falado, mesmo quando eu não queria ouvir. Obrigado pelas orações silenciosas e secretas que levaram o meu nome à presença de Deus. E se hoje estou em Deus é porque seu clamor me levou até Ele.  Graças a essas orações eu resisti às tempestades, eu me mantive no caminho, eu venci.

Sei que muitas vezes você chorou para que eu pudesse sorrir, você não dormiu para que eu pudesse  descansar, você lutou para que eu pudesse vencer. Inúmeras vezes você esqueceu-se de si mesma para se lembrar de mim, deixou de ser você para que eu pudesse ser eu.

Nem sempre fui grato, nem sempre devolvi o amor recebido, nem sempre compreendi esse amor. E ainda assim você não desistiu de mim, não esqueceu de mim por um só segundo.

Quantas vezes caído você me levantou, quantas vezes triste você me alegrou, quantas  vezes  olhando para você  eu achei força.

Jamais poderei agradecer o suficiente, nem a você nem a Deus, nem com palavras, nem com ações todas as coisas boas semeadas em meu coração. Sua herança em mim vale mais do que todo ouro e toda prata do mundo.

Poderei apenas, mais uma vez neste dia, dizer obrigado minha mãe. Obrigado por que você não apenas me carregou em seu ventre por alguns meses. Você me carregou em seu coração por toda vida. Só posso dizer: Deus a abençoe, hoje e sempre, minha mãe.


 O Teu Ressentimento é Justo?

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

E disse o SENHOR: É razoável esse teu ressentimento? (Jonas 4.4)

A pergunta que Deus estava fazendo a Jonas é a mesma que provavelmente Ele fez a nós muitas vezes através do Seu Espírito, embora não tenhamos escutado: É justo o nosso rancor?  É correta a ira que estamos sentindo? Há mesmo razão para essa raiva tão grande em nós?

Jonas respondeu que sim, e então Deus deu a ele uma demonstração de como seu ressentimento não tinha lógica, não era razoável. Ele estava irado com o perdão de Deus aos ninivitas, estava inconformado com a misericórdia divina sobre eles. Por isso havia fugido de Deus, recusando-se a obedecer. Ele preferia ser lançado nas águas profundas a ter de olhar nos olhos aqueles que ele julgava dignos de morte. Nada a não ser o castigo era a porção merecida deles.

Deus fez outro milagre além dos que havia feito até ali. Deus fez surgir uma planta, que alegrou o coração de Jonas por algum tempo. Quando a planta morreu o profeta voltou a ficar indignado. A morte de uma planta o perturbou, mas a possibilidade da morte de milhares de pessoas em nada o incomodou.

Temos nos deixado abalar por coisas pequenas, enquanto questões importantes não nos interessam. Temos coado muitos mosquitos e engolidos muitos camelos. Nosso coração tem sido dominado por sentimentos que jamais deveriam estar ali. Defendemos intensamente esses sentimentos ruins, enquanto no fundo sabemos que eles são errados. Ciúmes, inveja, orgulho, medo, raiva têm sido muitas vezes a nossa motivação.

Jonas deve ter parecido ridículo ao chorar por uma aboboreira ao mesmo tempo em que amaldiçoava uma cidade inteira. Tenho certeza que muitos já olharam para trás e viram quão tolos foram muitos dos seus ressentimentos.

De certo ponto de vista, a história do livro foi a tentativa de Deus de fazer com que o profeta alinhasse os seus sentimentos e pensamentos com os Dele.

Esse é o propósito divino: harmonizar nosso coração com o Dele. Quando nossos sentimentos ruins são removidos, então o Senhor pode dispor plenamente de nossas vidas para Sua glória. Remove Senhor, as pedras de nosso interior.


 O Sutil Chamado de Deus

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Muitos estão esperando o impacto de profetas trovejantes ou sarças ardentes que nunca virão. Enquanto isso se mantém surdos à voz do Espírito que já lhes tem falado tantas vezes. Não entendem que a certeza é fruto da fé no invisível, é o resultado da obediência a um chamado que só quem recebeu conhece. A grande maioria dos que partiram em obediência, ouviram a Voz no mais íntimo de seu ser, no santo dos santos do seu coração.

Cheguei a Jerusalém e, depois de três dias de permanência ali, saí de noite com alguns dos meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o que o meu Deus havia posto em meu coração… (Neemias 2.11, 12).

As notícias sobre a situação de Jerusalém e da Judeia, trazidas por Hanani, abalaram o espírito de Neemias. Ele foi de tal modo tocado, de tal modo comovido, que logo estava de joelhos, em jejum, buscando saber a vontade de Deus. Assim, ele renunciaria sua posição de destaque no governo Persa para atender um chamado superior. Não lhe era mais possível continuar onde estava (Neemias 1).

Muitas vezes pensamos que são os nossos desejos, mas são os desejos Dele. Achamos que estes pensamentos são fruto de nossa empolgação e na verdade nasceram da Sua Presença em nós. E estes sentimentos certamente não foram produzidos pela nossa natureza decaída. São as paixões do Cristo que vive em nós. Assim é o sutil chamado de Deus.

Todas as grandes realizações feitas em Deus, um dia estiveram ocultas. Antes que uma missão se tornasse um feito visível, esteve invisível no coração de alguém. E antes de se tornar invisível no coração de alguém, já esteve escondida no coração de Deus. É em nossa comunhão com Ele que os propósitos Dele são compartilhados e se tornam nossos. Nossa resposta a esses projetos, torna-os tangíveis aqui neste mundo.

Sim, podemos nos enganar, achando que é Dele o que na verdade procede de nosso coração. Entretanto, da mesma maneira podemos nos enganar, achando que seu chamado em nós não passa de cogitações humanas. Este é o desafio. Ele jamais nos dará um caminho para ser trilhado com base na razão humana. O justo viverá da fé e somente pela fé poderá percorrer a carreira que lhe está proposta.