No Centro do Universo Existe uma Cruz

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado (1 Coríntios 2.2)

Cruzes viraram enfeites. Podemos vê-las adornando orelhas e pescoços, decorando paredes e recintos e até ornando orlas e montes nas grandes e pequenas cidades. Acostumamos tanto com elas que seu sentido se perde em meio à sua quase onipresença. Seu significado real, poderoso e profundo corre o risco de apagar-se em um mundo de tantos símbolos.

Isso porque o objeto não pode sobrepor-se Àquele que com sua entrega transformou um instrumento de tortura e morte em símbolo de perdão e vida. A visão do Jesus crucificado com certeza não trouxe nenhum sentimento bom para aqueles que tiveram a oportunidade de estar ali. Olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos para que o desejássemos (Isaías 53.2)

Contudo, ali não estava um acidente da história. O que se revelava naquela cruz era o plano de um Deus que amou um mundo decaído a ponto de entregar para salvá-lo o maior objeto do seu amor – Seu Único Filho. A história, marcada pela queda e pela desobediência humana, estava agora sendo marcada para sempre com o sangue do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13.8). Uma humanidade manchada pelo pecado, seria então, na cruz, purificada pelo sangue Daquele que expirava sobre ela.

Um universo decaído e decadente tinha agora fincada em suas entranhas, uma cruz, e sobre ela Aquele que a tudo estava purificando pelo sacrifício de si mesmo. No coração do tempo e do espaço, o coração do Filho sangrava para redimir tempo e espaço.

Aquela cruz, que era sem dúvida “escândalo para judeus e loucura para gregos” (1 Coríntios 1.23) se estabelecia como a realização de um eterno propósito redentor, manifestando ao mundo uma eterna redenção. Era o “poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1.24) tornando-se tangível a toda humanidade.

Só a revelação de Deus pode explicar como um objeto tão feio e hediondo possui tanto poder para atrair pessoas de todos os tipos e pensamentos, levando-os a render-se completamente Àquele Crucificado.

E eu quando for levantado da terra, todos atrairei a mim (João 12.32)

No meio deste universo misterioso existe uma cruz. Bem-aventurados aqueles que já foram purificados e se entregaram plenamente Àquele que nela pereceu.


 Compreensão Tardia

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Respondeu Jesus: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. (João 13.7)

Um dia olhamos para trás e percebemos que aquilo que pareciam tropeços, na verdade foram impulsos que nos fizeram avançar. E pessoas das quais não gostávamos e a respeito das quais tanto reclamamos foram de fato instrumentos eficazes para nos aperfeiçoar. Entendemos que momentos amargos nada mais foram do que remédios que curaram doenças profundas em nossa alma e corrigiram deficiências internas que nos impediam de caminhar. Percebemos então, que as estações mais difíceis, os rigorosos invernos de nossa jornada foram os melhores treinamentos que recebemos, melhores do que qualquer curso ou faculdade que fizemos.

Ao refletir sobre esses anos que passaram, enxergamos de modo muito claro que aquilo que chamamos de acaso, na verdade era a mão poderosa de um Deus Todo Poderoso a guiar nossos caminhos. E aquelas situações que julgamos ser o fim de tudo, eram na verdade novos recomeços que o Senhor estava trazendo à luz. Para nós eram pontos finais. Para Ele, eram vírgulas ou apenas o fim de um parágrafo. E nossa história continuava com um novo prisma, um novo foco, uma direção completamente diferente.

De fato, o nosso hoje, o nosso presente em Deus, está cercado de flores e frutos resultantes de nosso ontem NELE. Aquelas preciosas sementes, às quais plantamos enquanto andávamos e chorávamos, tornaram-se feixes de benção e alegrias. Nem sempre amamos o nosso ontem como amamos o nosso hoje. No entanto, um jamais pode existir sem o outro.

Da mesma forma é preciso compreender que a escuridão e a dor inexplicável de nosso agora, será a clareza e a luz de nosso amanhã. Nessas horas não podemos parar, não podemos recuar, não podemos fugir. Pois ninguém colherá aquilo que não plantou e não ceifará aquilo que não semeou.

E por fim aprendemos que o que faz sentido só faz sentido à luz de Deus porque Ele é a mão invisível a escrever Sua História nas páginas da nossa.