Alinhando os Passos com Deus

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Portanto, fortaleçam as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes. Façam caminhos retos para os seus pés, para que o manco não se desvie, antes, seja curado. (Hebreus 12.12, 13)

Conta-se que o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), morando na pequena cidade alemã de Konigsberg, saía todas as tardes para passear. E ele era tão preciso no horário, que os moradores acertavam seus relógios ao vê-lo passar. Certo dia, ao perceber que ele não apareceu, temeram que algo de muito sério acontecera. E de fato aconteceu. A Revolução Francesa tivera início. O fato é que a vida dele, de algum modo, servia de parâmetro para todos a sua volta.

Apesar de que nem tudo em sua filosofia e pensamento seja elogiável, ele dizia que a vida de um homem deveria ser tão correta que pudesse servir de padrão para toda a humanidade. E talvez, seja isso o que Deus deseja de nós – nos transformar em padrões para os que nos rodeiam.

Nossa vida moral, espiritual, familiar, financeira precisa trazer o selo da aprovação divina. Nosso caminhar deve influenciar outros caminhares. Mais do que nossas palavras, nossas ações precisam motivar e influenciar outros.

Nossos tropeços, levam outros a tropeçar. Da mesma forma, nosso passo firme e relevante nos caminhos do Senhor levam outros a marchar. Há muitos caindo e derrubando outros consigo. Deus nos ajude a nos erguermos, a marcharmos, a firmarmos nossos passos levando quem está ao nosso lado a fazer o mesmo. Precisamos que a misericórdia e a graça de Deus de tal forma nos conduza, que as pessoas “acertarão os relógios” de suas vidas pela nossa.

Não estamos falando de perfeição e de auto esforço. Isso não é bíblico. Estamos falando em entender que podemos, com a graça DELE, ser melhor do que somos. E apesar de quedas e fracassos serem inevitáveis, a graça e poder DELE também são inevitáveis naqueles que se abrem a eles. Podemos levantar-nos após cada queda, corrigir-nos após cada desvio, tornar-nos em nossa debilidade exemplos da força de Deus. Não podemos ser perfeitos, mas podemos ser aperfeiçoados na graça e no poder DELE.

Estar de joelhos é a forma mais segura de garantir que estaremos de pé. Levantar as mãos ao trono é o meio divino para manter nossos pés no Caminho. Fazer caminhos retos dos nossos passos é a forma mais certa de curar aquele que manca. E nosso mundo precisa disso.

Precisamos nos tornar padrões para um mundo sem padrões. Exemplos sadios para um mundo doente. Pois, a melhor maneira de discordar do errado é fazendo o certo.


 Se Deus Quiser e se Vivermos

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Ao invés disso deveríeis dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo (Tiago 4.15)

Durante um tempo achei exagerado esse texto de Tiago. Cabia a mim tomar decisões, agir, escolher, avançar. Dizer que faria isto ou aquilo, no nome de Jesus, soava como fé e não como soberba. Eram expressões usuais e não me pareciam presunçosas ou malignas (Tiago 4.16).

Então, à medida que fui crescendo no Senhor, não me tornei mais ciente de minha força. Tornei-me ciente de minhas fraquezas. De repente, os fracassos, frustrações, medos e reveses pessoais me mostraram que a vida, os recursos, os eventos e as circunstâncias realmente não estão em minhas mãos e sim nas Dele. Meus limites se tornaram claros.

Assim, não sei precisar quando, percebi que meus planos e vontades eram palha seca, comparados ao ouro puro de Ofir que são os desígnios do Deus vivo. Ver pessoas morrendo no auge da saúde e do sucesso; contemplar homens outrora exaltados rastejando no pó; ler e escutar histórias de reveses inimagináveis – tudo isso me fez repensar Tiago.

Em sua prosa simples e direta, sem muita retórica ou poética, ele está apenas relembrando o inegável – a fragilidade e brevidade da vida humana. Como um sopro, uma fumaça ou uma erva que depois de expor beleza e resplendor seca e murcha, assim era o ser humano. Uma verdade que os salmistas e profetas repetiram (Salmo 90.5, 6; Isaías 40.6-8). Não se tratava de filosofias humanas bem elaboradas e concluídas após raciocínio rigoroso e extenso. Era só a constatação pura e simples da fraqueza humana que pode ser vista por qualquer pessoa que tenha olhos para ver, mas que até um cego bem instruído também poderia perceber. Eis o que ele está dizendo.

Todavia, essa tomada de consciência da minha fragilidade não provocara em mim desespero ou desânimo. Pelo contrário, como a criança cansada e impotente sobre os ombros do Pai, eu também percebera que minha força está Nele e que meu êxito depende só Dele. Isso não significava ser indolente, ou negligente ou pessimista. Significava confiar em Alguém maior, mais forte e mais sábio do que eu. Significava ouvir a exortação para confiar no Senhor de todo o meu coração e não me estribar (confiar, apoiar-se) no meu próprio entendimento (Provérbios 3.5).

Eu podia agora dizer “Se o Senhor quiser e se eu viver” sem me sentir impotente. Eu já havia aprendido, não apenas como conceito teológico e sim como verdade experiencial, que confiar na minha potência era confiar em uma impotência. E confiar na potência Dele era confiar na Onipotência.