Não Perca o Seu Sabor

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

         

Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. (Mateus 5.13)

 

A.W. Tozer foi um grande profeta. Seus livros continham afirmações de uma profundidade incontestável que expunham as verdades bíblicas de uma forma sem igual. Jamais esqueci uma frase sua. Que a primeira missão da Igreja não é pregar o Evangelho, e sim, ser digna de pregá-lo.

Em nossa ânsia de pregar o Evangelho a toda criatura, é fácil achar que só a mensagem importa. Mas o mensageiro também diz muito. Que pensaria de um bêbado ou viciado de qualquer espécie, dizendo a você que Jesus liberta? Um obeso lhe falando de uma dieta infalível? Ou Hitler pregando sobre amor ao próximo? Mensageiro e mensagem devem estar no mesmo nível. “Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano.  Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te argüirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos” (Sl 50.16-21)

De nada adianta tentar matar a sede da humanidade com um belo cântaro vazio. Embalagens não nutrem e sim o conteúdo. A maior pregação ainda é o pregador, ou como diria Marshall MacLuhan, grande teórico da comunicação, “o meio é a mensagem”. Não só “o que”, mas “quem está falando” é importante. Antes de ouvir o Evangelho, as pessoas precisam vê-lo. Vê-lo em você e em mim. Só então ele terá efeito.

Quem pensa que farisaísmo foi um movimento judaico dos tempos de Cristo, se engana. Farisaísmo é um comportamento religioso muito freqüente em qualquer lugar e tempo. De repente passamos a enfatizar e divulgar uma mensagem que não vivemos e a elogiar um comportamento que nada tem a ver com o nosso. É fácil se tornar um fariseu. Basta nos gloriarmos da doutrina que temos nas mãos, sem levar em conta que não a temos no coração, tê-la na boca, mas não no espírito. Falamos dela e a descrevemos com grande destreza, mas a vivemos muito pouco em nosso dia a dia. Temos aparência sem essência.

Fico pensando em antigas denominações, que publicam suas histórias, apenas para testemunhar que são apenas sombras do que foram dia. Do belo e doce fruto que um dia foram, só resta uma casca oca. Ainda são sal, mas sem sabor. Luz que não ilumina e fogo que não esquenta. Tornaram-se um paradoxo de si mesmo. Deus nos repreenda e nos livre, não apenas de sermos amargos, azedos ou insalubres, mas também de sermos insossos.

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