Mais do Que Ministério

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

“… não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus.” (Colossenses 2.9, 10)

Conhecer a vontade de Deus vai muito além de descobrir nosso ministério, embora isso seja importante. Corremos o risco de sempre que ouvirmos a expressão “vontade de Deus” acharmos que só pode se referir à alguma atividade no Corpo de Cristo. É muito mais do que isto.

Descobrir o querer de Deus inclui todos os pontos da nossa vida, podemos ter muitas áreas não alinhadas com sua vontade. Vida financeira, relacionamentos, sentimentos, palavras, pensamentos, uso do tempo, uso do dinheiro, lazer, trabalho, descanso e uma infinidade de coisas podem ou não estar em harmonia com Ele.

Quando ansiamos escutá-Lo, sempre pensamos em coisas grandiosas, em nosso ministério, em nossas grandes realizações. No entanto, sua correção, disciplina e instrução, podem requerer pequenas mudanças, pequenos ajustes, que por fim terão enorme efeito em nossa caminhada.

Grandes planos são compostos de pequenas mudanças, grandes realizações se fazem com pequenas ações. É a soma de nossas inúmeras obediências que resultará no pleno cumprimento de Sua vontade, assim como são as pequenas transgressões que passo a passo nos afastam Dele. Eva que o diga.

Um mau hábito hoje, uma negligência amanhã, uma transgressão depois. E a soma disso tudo é uma vida girando fora do eixo divino, caminhando displicente por um caminho que não é Dele. Podemos até estar exercendo o ministério que Ele nos confiou, enquanto vivemos uma vida moral e espiritualmente distante de seus padrões. Geralmente é mais fácil ser um pregador famoso do que um marido bem sucedido. Para ter fama não é preciso negar-se a si mesmo e levar a cruz.

Andar dignamente diante Dele, agradá-lo em tudo, frutificar em toda boa obra e crescer no conhecimento Dele não é algo que dependa de títulos, de posições e reconhecimento humano. É algo que só Ele pode medir.


 Precisa-se de Líderes

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

A quem enviarei e quem a de ir por nós? (Isaías 6.8)

Se o Reino de Deus tivesse um jornal diário, todos os dias nós leríamos nos classificados: “Precisa-se de Líderes”.

A igreja precisa de líderes em todos os níveis. Todos os dias um chamado de Deus emana de Seu trono à terra, convocando homens e mulheres à tomar armas e se por à frente da batalha. Todos os dias o Espírito Santo procura pessoas que se coloquem na brecha.

Seria bom se a resposta a todos estes chamados, tivesse sido: “Eis-me aqui, Senhor!”. Seria bom se não houvesse reis atrás de bagagens, talentos enterrados ou profetas dormindo no fundo de barcos. Seria bom se todos os que puseram a mão no arado, não tivessem olhado para trás. Seria bom que na Igreja de Cristo só houvesse Samuéis, Davis e Isaías e nela não existissem os Jonas, os Sauls, os Judas e os Demas. Mas esta não é a realidade.

Há ovelhas morrendo por falta de pastores, campos brancos “inceifados”, povo perecendo por falta de conhecimento. Seria bom se todo o Corpo de Cristo estivesse saudável e cumprindo plenamente sua missão sobre a terra, produzindo cem por cento dos frutos desejáveis.

Infelizmente, muitos dos chamados não foram, muitos dos que foram voltaram e muitos dos que voltaram arrastaram para baixo muitos outros consigo. O chamado diário tem sido ignorado. Crentes com talentos têm enterrado nas profundezas do medo e da acomodação o progresso do Reino.

O espírito de crítica e do desânimo já conquistou a muitos e um pessimismo sem base tem embaçado a visão e embotado os sentidos. A Igreja de Cristo tem suas falhas, mas ainda é o veículo escolhido por Deus para levar redenção à humanidade. É nela e com ela que trabalhamos. Se algo não está melhor, também é culpa nossa.

É hora de terminar esta leitura e buscar saber o que faremos com nossas vidas. Não podemos chegar diante de Deus como servos que não serviram e ceifeiros que não colheram. Não podemos correr o risco de ter sido pastores que não pastorearam, profetas que não profetizaram, evangelistas que não evangelizaram, mestres que não ensinaram. Deus tem um papel, uma função em seu Corpo para você. Descubra e aja. Agora.


 Prisioneiro de Jesus Cristo

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo… (Filemon 1)

“Prisioneiro de Jesus Cristo” foi uma expressão usada pelo apóstolo Paulo para se definir a si mesmo. Devido à pregação do Evangelho, ao conflito com grupos religiosos judaicos e com a cultura idólatra do Império Romano, ele foi encarcerado diversas vezes. Viveu parte de seu ministério na cadeia e ali o exerceu.

Em nenhum momento ele enxerga essa situação como um drama. Não há lágrimas, lamentações, murmurações, nem mesmo indagações. “Por que meu Deus?”. Se ele não dissesse, sequer saberíamos que ele estava na cadeia. Sua carta mais alegre (aos filipenses) é uma das epístolas da prisão.

Também não acusou o sistema judicial romano de injusto. Sequer o demonizou. E mais ainda. Ele não se considerava um preso do Império Romano, mas um preso do Senhor. O Senhor, e só o Senhor era o motivo dele estar ali. Sua compreensão do relacionamento Senhor-servo entre ele e Cristo era muito claro. Aquele era o primeiro senhorio sobre sua vida e todas as demais autoridades não passavam de sombra dessa realidade maior que é a soberania de Cristo. Isto é ser de fato, um preso do Senhor.

Muitos têm vivido suas vidas em conflito permanente com a vontade do Senhor. Não é que não sabem qual é a vontade Dele. É que não se renderam à vontade Dele. Não compreendem que acima das circunstâncias humanas e passageiras, está o Plano Dele. Quem está Nele está em Seu Plano. Quem é de Cristo, é prisioneiro de Cristo. E quem é Seu prisioneiro, escolhe as escolhas Dele.

“Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14.8).

A liberdade, sem dúvida, é um valor inestimável e uma condição pela qual temos que lutar. Liberdade de crença, de expressão, de escolha. Todavia, uma prisão em Cristo é liberdade. Liberdade sem Cristo é escravidão. “Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e, da mesma maneira, também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo” (1 Coríntios 7.22).

Cristo é a nossa liberdade, seja em mundo livre, seja nas masmorras do Egito, de Roma ou em qualquer lugar do mundo. Somos simples prisioneiros de sua libertadora vontade.


 Um Lugar Para Ele

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

 

Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. (Lucas 2.6, 7)

Não havia lugar para Ele.

Não podemos permitir que a história se repita. Talvez naquela noite fosse desculpável, pois o Filho se fez criança em meio a uma humilde família. Entrou no mundo no silêncio e na escuridão da noite, enquanto o mundo dormia. Hoje, todavia, deixar Jesus fora do Natal, dia em que se afirma celebrar seu nascimento, seria inteiramente sem sentido.

É muito fácil, mesmo para nós como cristãos, celebrar a festa e esquecer o Aniversariante. É muito fácil se deixar envolver por presentes e festas, por comida e por bebida, por abraços e carinhos. E em meio a tudo não haver espaço para Cristo, mesmo em nossos corações.

Mais do que nunca Jesus precisa ser exaltado em um momento no qual as pessoas mergulham em comemorações corrompidas ou religiosidade vazia. É preciso lembrar a elas a quem pertence esse dia e todos os dias da nossa vida. É preciso colocar Jesus não apenas no centro da festa, mas no centro de tudo.

A verdade é que não basta apenas um lugar qualquer para Ele em um momento específico de nossas vidas. A Ele pertence o primeiro lugar em todos os instantes de nossas vidas. Ou Ele tem a preeminência em tudo ou sequer podemos dizer que O temos. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em absolutamente tudo tenha a supremacia. (Colossenses 1.18).

O mundo pode simplesmente comemorar o Natal como uma festa entre outras festas, mas para nós isto não convém. Precisamos ir além. Porque o Cristo que nasceu em Belém, nasceu ainda mais poderosamente em nossos corações. Houve lugar para Ele em nossas vidas e por isso precisamos ser agora e sempre canais de Sua Presença.

Nascera Cristo mil vezes em Belém, se em ti não nasce, estás perdido eternamente (Mestre Eckahart)


 Reflexões Sobre a Gratidão

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

 

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades e sara todas as tuas enfermidades; quem redime a tua vida da perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia; quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia. (Salmo 103-1-5)

Ao invés de novas expectativas devemos desenvolver nova gratidão. Você estará iniciando um novo ano por causa das muitas bênçãos de Deus em sua vida. Até aqui o Senhor o ajudou.

· Talvez você já tenha sido vítima da ingratidão de alguém. Então não faça igual.

· O pecado tornou este mundo um lugar de dor e morte. Isso torna as coisas boas que encontramos nele pérolas preciosas. Se acha que sua vida é difícil, visite o Vale do Jequitinhonha.

· Tornar-se crente não nos torna automaticamente gratos. É algo a ser aprendido. Assim como temos que aprender a perdoar, a confiar e a amar, temos de aprender a ser gratos.

· Não permita que as necessidades não supridas ofusquem a glória das bênçãos recebidas. Ninguém jamais teve tudo que desejou, mas com certeza temos muitas bênçãos para contar.

· Dizer “obrigado” nós aprendemos na infância. Ser gratos e expressar gratidão levaremos a vida inteira para aprender. Gratidão é fruto de um coração transformado.

· Deus tem dado muito, muito, muito mais do que merecemos. Vivemos por sua graça e está é permanente e abundante em nossa vida.

· Ser um salvo, não tem preço. Ser livre da perdição eterna e destinado à glória eterna é algo tão grandioso que nada poderá se comparar a isso.

· Pessoas gratas são pessoas vencedoras. (Filipenses 4.11-13)

· Seja grato com Deus e com os homens. Ele tem usado a muitos para trazer Seu amor e presença para sua vida. Muitos foram os que entristeceram você. Muitos, porém, foram canais de bênção e alegria. Não se esqueça disso.

· Expresse sua gratidão. Sempre e de todas as formas. Não guarde a sua gratidão em você. Agradeça hoje a Deus e àqueles que o abençoaram.


 Semeadores e Ceifeiros

Por Eguinaldo Hélio

 

Porque nisso é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro, o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho. (João 4.37-38)

As vezes somos semeadores, as vezes somos ceifeiros. Em alguns momentos estamos plantando para outros colherem. Em outros, estamos colhendo o que outros plantaram. Ao longo da nossa vida haverá tempos nos quais semearemos sem ver os frutos e outros nos quais colheremos sem ter visto a semente.

Não podemos desanimar se hoje temos que nos desgastar com pessoas e situações que parecem não estar produzindo nada. Gastamos tempo, joelhos e palavras que parecem estar caindo no vazio. Muitas vezes são anos trabalhados na convicção de que o Senhor está nos guiando e, no entanto, parecem em vão. Queríamos ser ceifeiros, mas agora somos só semeadores. Nosso tempo e nossa força não foram perdidos porque foram gastos em Deus e para Deus. Só o tempo mostrará que nossa obra no Senhor jamais é vã.

Também não devemos nos vangloriar se estamos no tempo de grandes colheitas e grandes resultados. Muitas vezes estamos apenas colhendo com facilidade o que foi plantado com muito esforço. Estamos ceifando com alegria o que muitos semearam com lágrimas. Estamos edificando sobre o firme fundamento estabelecido por outros. Devo ter gratidão e humildade pelos que vieram antes de mim.

Os lugares onde hoje há grandes igrejas com muitas vidas servindo a Deus são lugares onde muitos servos de Deus trabalharam e pereceram sem ver muita coisa. Talvez tenham morrido pensando que fracassaram. Eram semeadores e não ceifeiros. Não era para si mesmo que faziam o que faziam, mas para os que trabalhariam depois deles. Não ficarão sem seu galardão de semeadores. Receberão das mãos do Pai o que lhes é devido.

Não é o que planta e nem o que rega que merecem a glória e sim Deus que dá o crescimento. Não devemos murmurar se somos os semeadores e nem nos orgulharmos se somos os ceifeiros. Devemos confiar que o Senhor da seara é fiel e saberá sempre dar o devido valor ao nosso trabalho, sejamos nós semeadores ou ceifeiros.


 Receba, Edifique-se, Prepare-se

Por Eguinaldo Hélio

 

Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei… (1 Coríntios 11.23)
Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi… (1 Coríntios 15.3)

Só uma vida preenchida com Cristo, preencherá com Cristo as vidas vazias. Só vidas edificadas por Deus, edificarão em Deus outras vidas. Só os fortalecidos fortalecem e só os abastecidos suprem. Somente os sarados podem curar, somente os tocados por Deus, podem se tornar canais eficazes através dos quais Deus tocará outros. Não podemos dar o que não temos, não podemos mostrar o que não vimos, nem falar do que não aprendemos.

Você só poderá mostrar Deus a outros se já tiver contemplado sua face. Jamais poderá alimentar corações famintos e suprir as almas sedentas se você mesmo já não tiver se fartado na mesa divina e tiver bebido das fontes da água da vida.

Corremos o risco de querer oferecer na terra o que não recebemos do céu. Queremos dar frutos sem ter permanecido na videira. Almejamos ser árvores frutíferas que não receberam no bom solo do coração a semente da Palavra. Queremos ser fontes para os outros mesmo quando não temos bebido da Fonte. Queremos ser estrelas a brilhar e não aceitamos que somos no máximo pequenos satélites, uma lua sem brilho próprio que depende do Sol da Justiça para refulgir.

Quem cuidará dos cuidadores? Quem fortalecerá a mão dos edificadores? Quem pode colocar o azeite do Espírito na lâmpada dos que caminham à frente a guiar outros? O espírito do homem é a lâmpada do Senhor e só Ele pode mantê-la brilhando. “Tu, SENHOR, manténs acesa a minha lâmpada; o meu Deus transforma minhas trevas em luz.” (Salmo 18.28).

Todas nossas fontes estão em Deus. Se queremos servi-lo nesta terra, se almejamos ser bênçãos para outros, jamais o faremos com nosso próprio conteúdo. A força, a sabedoria, a graça, a unção, precisam ser buscadas continuamente Nele. Somos tolos se pensamos em servir com o que somos em nós mesmos. Mas somos sábios quando sabemos e vivemos encontrando Nele a glória e a graça que há só Nele. Buscai-me e vivei diz o Senhor (Amós 5.4)


 Ponha Jesus Em Seu Natal

Por Eguinaldo Hélio

Não permita que nada e nem ninguém tome o lugar de Jesus em seu Natal. Do contrário, esta data não será mais do que uma data vazia e enganosa no calendário, uma festa falsa com um motivo falso, uma desculpa para a carne e seus desejos.

Não permita que presentes façam você esquecer que Jesus é a dádiva incomparável de Deus e que o brilho dos fogos não pode substituir Aquele que é a Luz do mundo. Que os sinos de Belém não tomem o lugar Daquele que saiu de Belém para governar o Universo à partir de seu trono ao lado do Pai e cujo som de sua voz tem poder para tirar os mortos dos seus túmulos.

Principalmente, jamais permita que a figura mística de Papai Noel ofusque por um segundo sequer a figura do Verbo que se fez carne e habitou entre nós, do qual vimos a glória, cheio de graça e verdade (João 1.14). Chega de gnomos e duendes, pólo norte, renas e trenós voadores. É errado misturar essa mitologia nórdica com as verdades eternas tanto quanto é enganoso desejar o bolo e os doces enquanto se ignora o Aniversariante.

Muitos natais têm acontecido na vida de muitos cristãos sem que o nome de Jesus tenha sequer sido mencionado. Podemos tolerar que o mundo tenha um Natal falso e enganoso, mas não podemos nos permitir um Natal falso e enganoso. Panetones e perus, doces e presentes, luzes e enfeites nada tem haver com o Natal. O Reino de Deus não é comida e nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Romanos14.17).

O erro não é o fato de Constantino ter escolhido a data para celebrar o nascimento de Cristo. Erro seria os cristãos verdadeiros comemorarem esse dia e negligenciarem Jesus, enquanto elementos não cristãos ocupam o seu lugar.

Ponha Jesus em seu Natal. No centro dele, não em um canto como se fosse um apêndice, um complemento qualquer. Se a Igreja de Cristo não fizer isso, ninguém mais o fará. Se não começarmos a dizer ao mundo que o Natal comemora a entrada do Eterno no tempo, a encarnação do Verbo, o surgimento do prometido Messias de Israel. Qualquer coisa menor do que isso, não passa de lendas inúteis e festinhas vãs, tentando substituir o maior evento da história humana, ou melhor, da história do universo.

Quando Jesus nasceu, um plano eterno se concretizava. Não é justo que isso se transforme em uma festinha que o ignore. Pense nisso.


 O Quadro Não Está Pronto

Por Eguinaldo Hélio

 

Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas; vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos (Hebreus 2.8, 9)

O primeiro quadro da Bíblia é o quadro da criação. Em Gênesis temos a pintura completa e o aval do artista quando inspirou o escritor humano a dizer “E viu Deus que tudo era muito bom” (Gn 1.31). A criação era perfeita, estava terminada e a ela seguiu-se o descanso. Nada mais havia para acrescentar.

Todavia, sabemos muito bem que esta primeira ordem foi perturbada e deformada pelo pecado. Homem e natureza foram contaminados pela morte e sua estrutura foi completamente alterada. Então, um novo quadro, já antecipado, começou a ser pintado – o quadro da redenção. A primeira promessa foi proferida (Gn 3.15) até que se consumasse na cruz do Calvário (Cl 2.15).

O poder de Deus e a sabedoria de Deus foram manifestados na encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. De um modo maravilhoso a salvação veio a este mundo, abrangendo tudo, permeando tudo. Jesus veio, aniquilou o pecado e a morte na sua morte, e então trouxe a vida ressurreta para este mundo. Nós experimentamos já uma parte dessa vida e a desfrutaremos depois eternamente. Os que creem já podem sentir seus efeitos.

Depois de ressuscitado, ele ascendeu aos céus e assentou-se a direita do Pai, acima de todo principado e potestade e de todo nome que se nomeia não só nesta era, mas também na vindoura (Ef 1.21). Eu e você não temos a menor dúvida desse triunfo porque o sentimos me nosso ser.

Mas há um mundo que nos rodeia e que rejeita ou desconhece o senhorio de Cristo. Há uma natureza que ainda geme porque quer ser libertada do cativeiro da corrupção. Ainda Satanás rosna como leão enraivecido, tentando em vão anular os planos e propósitos do Altíssimo. Nós mesmos, como cristãos, provamos a tensão de viver entre este mundo e o vindouro.

Aguardamos o dia em que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor. O dia em que a natureza será libertada de seu cativeiro e Satanás será esmagado debaixo de nossos pés. E nosso corpo imortal se revestirá da imortalidade.

Esse estado de coisas nos avisa que o quadro da redenção ainda não está completo. A história está em suspenso porque o Senhor da história ainda não voltou. Procuramos perfeição neste mundo, mesmo entre o povo de Deus, e não achamos. Porque somente sua volta terminará a pintura e dará os retoques finais da salvação de Deus. O que temos agora é um antegozo, um gosto do que será.

O futuro também pertence a Deus e aos que são Dele. Ansiamos pelo quadro pronto. Talvez hoje olhemos a pintura e ela está confusa, estranha, mesmo feia. Somente quando o Senhor retornar é que este quadro se mostrará maravilhoso em toda a sua beleza, em toda a sua plenitude. Que assim seja!!


 Nossa Comunhão Com o Pai

Por Eguinaldo Hélio

 

“Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. (João 15.5)

Nosso primeiro e maior desafio é nos mantermos conectados Nele. Todo esforço do inimigo, toda obra da carne, todo o fluxo do mundo conspira para que a nossa vida interior seja desligada da Vida Superior. Porque é nessa Vida que está nossa vida, nessa Luz nós vemos a luz. Tudo em nós morre um pouco quando perde a comunhão com a Videira.

O que Satanás queria de Jó não era seu dinheiro, seus filhos ou sua saúde. Ele queria por fim àquela fidelidade, àquele apego, àquele amor que Jó demonstrava para com seu Deus. O inimigo estava disposto a usar qualquer pessoa ou circunstância para que não mais o justo Jó estivesse Naquela presença. Queria provocar nele os sentimentos mais perversos para que com isso aquela profunda comunhão fosse interrompida. Mas foi em vão.

Quantas coisas se colocam entre nós e nosso Deus. E nós, quantas vezes deixamos que as obras da carne nos dominem e a ira ou os desejos impuros nos afastem do Santo? Quantas vezes permitimos que pessoas nos separem do nosso Deus, ou porque as colocamos antes Dele ou porque elas nos feriram e magoaram e agora são donas dos nossos pensamentos e sentimentos? Quantas vezes nosso andar com Deus torna-se dependente das circunstâncias, deixando que a agitação ao nosso redor se torne agitação dentro de nós?

Nosso relacionamento com Deus não pode depender de pessoas, coisas ou circunstâncias. Tem que depender só Dele. Pessoas vão e vêm, ajudam e atrapalham, apoiam e prejudicam, hoje estão a nosso favor e amanhã estão contra nós. As coisas se gastam e se quebram, envelhecem e enferrujam, perdem seu valor e não podem preencher nossos maiores vazios. As circunstâncias mudam como o vento, são instáveis como o clima e não podemos depender delas jamais para manter nossa comunhão com o Senhor. Só Ele é o Eterno que permanece para sempre e não muda.

Amar a Deus sobre todas as coisas é o primeiro mandamento. Lutar para que esse amor jamais seja interrompido é nossa primeira tarefa.