Preparando a Terra

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Não basta semear. Ou melhor, não adianta semear em uma terra que não está preparada para receber a semente. As vezes queremos dizer as pessoas coisas que elas ainda não estão preparadas  para ouvir. Queremos transmitir ensinos que não surtirão nenhum efeito, não porque não sejam bons, não porque não sejam necessários, mas porque a terra ainda não foi devidamente trabalhada. Não se dá alimentos sólidos aos bebês. Temos que respeitar o ritmo do crescimento de cada um. Foi isto que o apóstolo Paulo percebeu. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. (1 Coríntios 3.2)

E não adianta reclamar da terra. Nós também somos assim. Deus ainda não nos deu e não nos disse muitas coisas porque nosso coração não está preparado. Ele, como bom agricultor (João 15.1), está arando a terra de nossos corações por anos a fio, aguardando o momento no qual estaremos preparados para receber mais do que é Dele.

Há terras tão duras e solos tão cheios de espinhos que qualquer semeadura neles nada produzirá. Nem mesmo a melhor das sementes produzirá alguma coisa. Apesar das boas palavras que ministraremos, ficaremos frustrados porque nada acontecerá. O problema não é o semeador e nem a semente. O problema é a terra bruta que não está pronta para ambos.

Deus sabia disso quando enviou Jeremias para profetizar. Ele disse através do profeta:

“Lavrem seus campos não arados e não semeiem entre espinhos” (Jeremias 4.3).

Há pessoas que um dia se tornarão árvores frutíferas. Há pessoas que um dia receberão a Palavra com um coração bom e honesto, dando fruto com perseverança (Lucas 8.15). No entanto, hoje elas não passam de solo pedregoso e espinhoso. Há necessidade de um processo interior de aragem e limpeza. E esse processo está em andamento. Até que cheguem os dias nos quais toda Palavra aí semeada dará fruto para a glória de Deus.

Cabe a nós esperar e deixar Deus agir, seja de forma direta, seja de forma indireta através de nós, tornando-nos antes de semeadores, instrumentos que irão preparar as terras dos corações.


 Precisamos Superar

Por  Eguinaldo Hélio de Souza

mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Filipenses 3.13).

 

Algumas coisas não são fáceis de deixar para trás, não são fáceis de esquecer. Mas é preciso. Ou não conseguiremos avançar. Precisamos superá-las, precisamos ir além. Jamais poderemos alterar o passado, mas podemos evitar que ele altere o nosso presente e nosso futuro.

Certo jovem seminarista tinha horror que alguém lhe tocasse a orelha. Em uma ocasião, por brincadeiras, dois amigos o seguraram para que um terceiro lhe tocasse nessa parte do corpo. Ele ficou tão enfurecido que bateu nos três. Em outra ocasião perdeu uma namorada porque em um momento de carinho esta lhe tocou a orelha – e ele bateu nela.

Anos depois reencontrou um amigo do seminário e pediu que esse lhe tocasse na orelha. O outro, não queria fazê-lo, mas o fez com muito cuidado. Nada aconteceu. Ele estava curado. Descobriu que seu trauma vinha da tenra infância, quando seu padrasto o castigava, levantando-o pelas orelhas. Ele teve que admitir a verdade: aqueles que  agora tocavam sua orelha não eram seu padrasto.

Essa história mostra como podemos ficar presos ao passado. Quantas noivas abandonadas não mais se permitem amar e ser amadas. Quantas pessoas rejeitadas na infância, continuam se sentindo rejeitadas apesar de tão amadas. Muitos dos que fracassaram no passado, agora se recusam a lutar. A vida não acabou, mas eles acabaram com ela. Os sofrimentos do passado não lhe trouxeram sabedoria e prudência. Trouxeram medo e desconfiança.

O importante não é quantas vezes você caiu e sim quantas vezes se levantou. Pedro negou a Jesus um dia. Algum tempo depois o estava confessando diante das grandes autoridades, até que por fim, morreu  por Ele.

Não é uma opção. Temos que superar, temos que avançar, temos que  vencer. Lembre-se de José. Ele foi rejeitado, traído, injustiçado e esquecido. E depois, abençoado, perdoou seus ofensores. E por fim tornou-se o abençoador de seus irmãos.


 Precisamos Ser Quebrantados

Por Eguinaldo Hélio de Souza

           

Perto está o Senhor dos que têm um coração quebrantado, e salva os contritos de espírito (Salmo 34.18)

 

Não é fácil descrever o que é ser quebrantado. E, no entanto, nas Escrituras, um coração quebrantado é sempre elogiado como algo bom. Ter um coração quebrantado é uma experiência interior, íntima, que só quem possui sabe o que significa.

Podemos tomar Jacó no vau de Jaboque como um exemplo. Aquele Jacó que havia enganado seu pai, seu irmão e em parte seu sogro, agora estava com medo do encontro com seu irmão Esaú. Ficou só em Jaboque e ali lutou com Deus (Gênesis 32.22-31). E qual foi o resultado desse encontro? “E, vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa”. (v. 25, 31).

Não foi apenas a junta de seus ossos que foi deslocada. Seu íntimo foi quebrantado. Sua fraqueza externa refletia sua fraqueza interna. Ele agora seria um homem dependente. Uma pessoa quebrantada é alguém cujo orgulho, a autossuficiência e a confiança em si mesmo foram substituídas pela dependência e pela confiança em Deus.

Quando estamos quebrantados nos tornamos sensíveis à voz de Deus. Ao leve toque de Suas mãos nos curvamos. Sua vontade para nós é absoluta. Nada mais importa do que obedecê-lo. Um sentimento de reverência, de temor, de respeito em Sua presença nos invade. E é este coração quebrantado que atrai o olhar de Deus. “É para este que olharei; para o humilde e contrito de espírito, e o que treme da minha palavra” (Isaías 66.2)

A coxa deslocada da Jacó, a idade avançada de Moisés, o espinho na carne de Paulo – eram situações que aparentemente limitavam a vida desses grandes servos de Deus. E, no entanto, essas fraquezas permitiam o fluir do poder de Deus.

É muito mais que um senso de fraqueza. É fraqueza que produz abertura para o agir de Deus. Deixamos de lado a confiança em nós mesmos e confiamos Naquele que pode todas as coisas.

Um coração quebrantado move o coração de Deus. Um coração quebrantado trás o céu para nós.


 Precisamos da Angústia

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Na minha angústia clamei ao Senhor…, disse o salmista (Salmo 120.1). Será que clamaríamos a Deus sem angústia? Será que bastaria seu amor para atrair-nos e para levar-nos aos seus pés? Ou precisamos mesmo de aflições para que busquemos a Deus com todo o nosso coração?

A esterilidade de Ana não apenas a pôs de joelhos como também tornou sua oração mais intensa. Fez com que não sua boca, mas sua alma clamasse. Sua angústia produziu um milagre. Mais do que isso, sua angústia produziu um santo e um grande homem de Deus que foi Samuel. Penina nada produziu de grande com sua fecundidade. Situações confortáveis geram pouco no Reino de Deus.

Não é que Deus sinta alegria em nosso sofrimento, em nossas aflições, em nossas angústias. Entretanto, Ele sabe que são elas muitas vezes a causa do nosso clamor e da nossa busca insistente e sincera. Somos barros duro e só o calor intenso fará de nós vasos úteis e preciosos.

Sim, Deus aguarda o dia em que nos dirigiremos a Ele sem que o motivo seja a dor ou a preocupação. Ele espera que amadureçamos a ponto de busca-lo intensamente sem que haja necessidades ou aflições em nossa alma. E isso pode acontecer.

Ainda assim, nesse mundo imperfeito em que vivemos, muitas vezes só iremos diante do trono porque as circunstâncias nos pressionarão. Nossa carne acomodada foge da luta em um mundo no qual a vitória está destinada aos que aprenderam a combater o bom combate da fé (1 Timóteo 6.12). O Senhor dos Exércitos está levantando guerreiros e guerreiros são forjados no calor da batalha.

Você pode achar que a sua angústia é o fim. Mas é mais provável que ela seja o começo do trabalhar de Deus em sua vida. Ela não vai destruir você. Ela vai levar você até a presença de Deus para que o milagre seja produzido e a glória de Deus seja manifestada.

Após dar à luz a Samuel, Ana teve mais cinco filhos (1 Samuel 2.21). Foram suas intensas orações na angústia que produziram Samuel e muita glória para Deus. Deus pode fazer o ventre estéril gerar filhos. Melhor ainda é quando ele faz nossa alma gerar vitórias para honra Dele.

Sei que não é um caminho fácil, mas geralmente esse é o caminho de Deus.


 Quero Ser Cheio

Por Eguinaldo Hélio de Souza

            …para que sejais cheios de toda plenitude de Deus (Efésios 3.19)

 

Mais um ano me concedeste e outro novo está a surgir. Tantos são nossos desejos e vontades que teríamos vergonha de escrevê-los, pois queremos tanto de Ti e tão pouco nós damos a Ti. No passado, nossos desejos nos levaram para longe de Tua face. Que novos desejos nos tragam para o abrigo de Tuas asas.

Precisamos que a escuridão de nossos sentimentos seja redimida pelo brilho de Tua luz. Que o caos de nossos pensamentos seja ordenado pela altura de Teus pensamentos. E acima de tudo, que corrupção de nossa vontade seja transformada por Tua vida em nós.

No próximo ano desejamos ser cheios, mas não de nós mesmos. Queremos ser cheios de Ti como jamais fomos. Queremos experimentar ao menos uma gota de Tua plenitude como nunca experimentamos.

Queremos ser cheios de Tua Palavra. Que a palavra de Cristo habite em nós abundantemente, em toda sabedoria (Colossenses 3.16). Nosso pensar, nosso falar e nosso agir tragam as marcas de tudo aquilo que Tu disseste. Seja nossa mente e coração inundados por Tua verdade e sejamos absorvidos na beleza da Tua Voz.

Queremos ser cheios do Teu Espírito (Efésios 5.18) de uma forma que nunca fomos. Somos Teus filhos e se de fato o somos, então é Teu Espírito quem nos guia (Romanos 8.14). Chega de andar na carne, chega do império do eu. Queremos ir mais fundo. Como Ezequiel, não queremos parar com água pelos pés, pelos joelhos ou pelos lombos. Queremos mergulhar no rio da Vida e ser por ele conduzido até o Teu trono.

Por fim, mas não por último, queremos ser cheios do pleno conhecimento de Tua vontade, em toda sabedoria e compreensão espiritual (Colossenses 1.9). Só assim poderemos andar dignamente diante de Ti, agradando-Te em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Ti (Colossenses 1.10)

Mais do que encher o próximo ano com nossos pedidos, nossos projetos e nossa vontade, queremos enche-lo de Ti. Queremos nossas vidas cheias da Tua palavra, nossos passos cheios do Teu Espírito, nossos planos cheios da Tua vontade.

Pois nada que não Te contenha está verdadeiramente cheio. O que de fato irá permanecer será tudo aquilo que estiver absorvido por Tua Presença.


 A Grandiosidade da Oração

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Assim, ninguém compreende as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. 1 Coríntios 2.12

Jamais saberemos tudo o que nossas orações produziram. Sua força, seu alcance, sua profundidade e seus resultados, ou pelo menos a grande maioria deles, permanecerão em oculto até aquele Grande Dia. São águas por demais profundas para o homem mortal navegar. E ainda assim, nós que somos Dele, precisamos orar.

É tolice deixar de orar alegando que nada muda, porque na verdade, a oração muda tudo. Apenas, é impossível registrar tudo o que foi mudado pela oração. Ela já alterou o curso da história muitas vezes e mudou a história de indivíduos inumeráveis vezes. Mas os efeitos da oração nunca dependem de nós. São pura obra de Deus.

Orar é deixar que o sopro do Espírito de Deus flua através de nós realizando aquilo que está em Seu coração. Por isso nunca saberemos tudo o que está sendo produzido através desse soprar. Nosso privilégio é poder dizer ao Senhor do Universo “Eis-me aqui”. Não apenas para ir aonde Ele mandar, mas para também permanecer em Sua presença o quanto Ele ordenar. Os pés dos que vão nada são sem o joelho dos que oram.

Temos que apenas ter prazer em estar diante Dele, em derramar nossa alma perante Ele, confiando que tudo está nas Suas mãos poderosas e sábias. Somos os impotentes na mão do Onipotente. E isso muda tudo.

Orar não é controlar Deus. É deixar que Ele nos controle e através disso realize Seus intentos nesta terra. Intentos sobre os quais sempre saberemos tão pouco. Basta saber que Ele nos deu acesso ao trono de sua graça e isso é um privilégio que poucos têm neste mundo.

Temos que orar, cientes de que somos apenas canais e não lagos. Não fomos chamados para reter, mas para canalizar. O que de Deus passa através de nós não se destina a nós, mas a outros. A finalidade da oração não é simplesmente sermos abençoados e sim nos tornarmos bênção para um mundo carente.

Oração não é de modo algum a forma de alcançarmos glória para nós mesmos. É o meio mais eficaz pelo qual Ele há de ser glorificado através de nossas vidas.


 Perdão e Culpa

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Quando falamos de perdão temos que considerar duas coisas. Aquilo que ocorre fora de nós e aquilo que ocorre dentro de nós. O pecado gera ofensa a Deus ou a outras pessoas. E por isso precisamos de perdão. Esse perdão vem quando nos arrependemos de coração e nos humilhamos.

Deus é um Deus perdoador. Contigo está o perdão para que sejas temido (Salmo 130.4). Ele tem prazer em perdoar o arrependido. Ele é o Pai de braços abertos, ansioso para abraçar o filho perdido que está voltando. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade (1 João 1.10). Ele nos perdoa e nos purifica. Ele anula a nota de acusação contra nós, quita a dívida adquirida e ainda mais, ele nos limpa da mancha do pecado em nossa alma.

Da mesma forma é muito bom quando nos aproximamos de alguém e pedimos perdão, seja um pai, uma mãe, uma esposa, um marido, um filho. É tão bom receber o abraço remidor.

Poderíamos supor que tudo termina aqui. Nem sempre. Porque em todo esse processo, a culpa se foi, mas o sentimento de culpa continua. Não há mais acusação e ainda assim nos sentimos acusados. Fomos perdoados por Deus, fomos perdoados pelos outros, entretanto, não perdoamos a nós mesmos. Olhamos desconfiados ao nosso redor e qualquer ocorrência negativa nos faz pensar em nossos erros. Eles já foram apagados do coração de Deus, só que continuam escritos em nossos corações. Deus não se lembra mais deles, enquanto nós não conseguimos esquecê-los.

Temos o perdão divino, mas nosso sentimento de culpa não nos deixa desfrutá-lo. Como aquele soldado japonês que permaneceu anos escondido na floresta sem saber que a 2ª Guerra já tinha terminado, vivemos escondidos e com medo por ignorarmos que nosso pecado foi perdoado. Nossa mente sabe que sim. Nosso sentimento diz que não. Deus não nos acusa, mas nós nos acusamos.

Isso gera tristeza desnecessária, gera desânimo, gera desconforto. No lugar do pai temos um senhor exigente e pronto para nos punir. Perdemos o melhor do Evangelho: o amor e a graça de um Deus Pai Perdoador.

O remédio? Apropriar-nos da verdade da Palavra. Olhá-la não como uma impressão sobre um papel e sim como aquilo que de fato ela é – a realidade fora e dentro de nós. Dentre as muitas palavras a escrever no fundo de nossas almas está Romanos 5.1

Justificados, pois, pela fé temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.

Se Deus nos declarou justos, podemos nos chegar a Ele como justos. E receber ser abraço.


 Pequenez Realista

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te preocupes? Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de honra. Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos; sob os seus pés tudo puseste: (Gênesis 25.22)

 

O coração do ser humano tem duas tendências: rebaixar-se até a anulação ou elevar-se além das estrelas. Há aqueles que se sentem tão inferiores que acreditam que Deus os esqueceu. E há os que se acham tão superiores que se esqueceram de Deus. Hoje encontraremos quem afirme ser o homem apenas um animal entre outros animais e grupos religiosos ensinando que ele é um deus entre outros deuses. Uns se subestimam demais, até a anulação. Outros se superestimam na mais pura auto exaltação. As Escrituras não fazem assim.

Na Bíblia temos uma visão equilibrada de quem é o ser humano. Alguém infinitamente inferior ao seu Criador e ainda assim, amado por Ele de uma forma inexplicável. Ela ensina uma visão equilibrada de nós mesmos para que a inferioridade não nos consuma e a soberba não nos derrube. “Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”. (Romanos 12.3)

Somos apresentados como pessoas que não podem nada sem Ele (João 15.5) e que podem tudo com Ele (Filipenses 4.13). “Tudo podemos com Aquele sem o qual nada podemos” (Blaise Pascal). Ele não nos abandou em um mundo frio e decaído, Ele não nos fez para vivermos sem Ele. Sua imagem e semelhança em nós não nos torna igual a Ele. Ela nos torna dependentes da comunhão com Ele.

Sim, ao olhar a grandeza do Universo ou a fúria do mal que nos rodeia corremos o risco de sermos submersos em nossa pequenez. Ao vermos aquilo de que somos capazes podemos achar que somos a razão de tudo. Mas quando olhamos a vida com as lentes da Palavra entendemos que somos pequenas criaturas submersas no imenso e inexplicável amor de Deus.


 Pelo Que Você Quer Ser Movido?

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos. (…) Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. (Atos 8.1, 4)

 

Precisamos ser movidos na direção da missão que Deus tem para nós. Fazer sua vontade, cumprir nosso ministério, correr a carreira que nos está proposta são a razão pela qual estamos aqui. Não queremos ser árvores infrutíferas, não desejamos permanecer parados em relação ao alvo de Deus para nós. E ainda assim, algumas vezes nos olhamos e tememos, nos vendo imóveis em meio ao caminho. Queremos ser impulsionados pelo Senhor e entrar em movimento.

Podemos simplesmente nos deixar mover por sua Palavra. Ela nos manda orar, nos manda amar, nos manda pregar, nos manda ajudar. Movidas por ela nós somos conduzidos na direção de Seus propósitos. Fazemos porque está na Bíblia. Não esperamos por nada mais, já é suficiente o que está escrito.

Igualmente podemos ser movidos pelo Espírito Santo. Seja através de seu falar suave em nossos corações, seja por uma manifestação poderosa que venha a sacudir nossa alma, somos levados a obedecer pela ação direta do Espírito em nós. Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus. (Atos 4.31).

Seria bom se isso sempre funcionasse, se a Palavra e o Espírito fossem suficientes para nos levar para mais perto de Deus e Sua vontade. Infelizmente, serão muitas vezes as perseguições, as lutas, as pressões do dia a dia que nos conduzirão. A dor nos colocará de joelho. A urgência e a carência nos farão levantar do nosso comodismo e tomar as atitudes necessárias. A perseguição nos levará para onde devemos ir como aconteceu com os crentes em Jerusalém. Seremos movidos por circunstâncias adversas.

Deus nos conceda corações quebrantados, rendidos e obedientes que não precisarão ser movidos pela aflição. Bastará a Palavra e o Espírito e então diremos: “Eis-me aqui”.


 Pecados do Ouvido

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

O ímpio dá atenção aos lábios maus; o mentiroso dá ouvidos à língua destruidora (Provérbios 17.4)

 

Claro que pecamos muito com nossas palavras. Frequentemente dizemos o que jamais deveríamos dizer, magoando pessoas que não deveríamos magoar e transgredindo os mandamentos de Deus. Contudo, embora o ato de ouvir seja aparentemente passivo, pecamos com os ouvidos tanto quanto com a língua.

Pecamos quando dispomos os ouvidos para discursos vãos e destruidores. Não haveria fofoqueiros se não houvesse alguém para escutá-los. Não haveria maledicentes sem platéia para a maledicência. Não haveria tantos programas de televisão com linguajar chulo e blasfemo, sem os inúmeros ouvidos que lhe prestam audiência. Se não vigiarmos, nossos ouvidos nos tornarão cúmplices do pecado.

Se os olhos são a janela da alma, os ouvidos são a porta. A luz entra por ambos e a escuridão também. Vigiemos com o que vemos, tanto quanto com o que ouvimos. Nossos ouvidos podem ser a porta de entrada para a voz de Deus, mas também podem ser a porta de entrada para a iniqüidade. E como todo pecado se torna um vício, logo nos tornamos viciados na fofoca, na maledicência, no linguajar inapropriado. “As palavras do mexeriqueiro são como petiscos deliciosos; descem saborosos até o íntimo” (Provérbios 26.22).

“Infelizmente, tanta é a nossa fraqueza que, muitas vezes, aceitamos e dizemos dos outros, com mais facilidade, o mal do que o bem” (Imitação de Cristo Livro I.4.1).

Fuja dos pecados do ouvido. Se as pessoas perceberem que nos zangamos ou não damos atenção às palavras nocivas que proferem, logo elas deixarão de proferi-las a nós. Irão à procura de quem lhes dê atenção e nos deixarão em paz. Dessa forma nossos ouvidos permanecerão protegidos de impurezas indevidas.

“Dedique à disciplina o seu coração, e os seus ouvidos às palavras que dão conhecimento” (Provérbios 23.12). Há coisas boas para você ouvir. Há poderosas, santas e transformadoras palavras de Deus para sua vida. Estas vão consolá-lo, curá-lo e edificá-lo. A essas palavras sim, você deve dar ouvidos.

“Terra, terra, terra! Ouve a Palavra do Senhor” (Jeremias 22.29)