Por Eguinaldo Hélio de Souza
Ao invés disso deveríeis dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo (Tiago 4.15)
Durante um tempo achei exagerado esse texto de Tiago. Cabia a mim tomar decisões, agir, escolher, avançar. Dizer que faria isto ou aquilo, no nome de Jesus, soava como fé e não como soberba. Eram expressões usuais e não me pareciam presunçosas ou malignas (Tiago 4.16).
Então, à medida que fui crescendo no Senhor, não me tornei mais ciente de minha força. Tornei-me ciente de minhas fraquezas. De repente, os fracassos, frustrações, medos e reveses pessoais me mostraram que a vida, os recursos, os eventos e as circunstâncias realmente não estão em minhas mãos e sim nas Dele. Meus limites se tornaram claros.
Assim, não sei precisar quando, percebi que meus planos e vontades eram palha seca, comparados ao ouro puro de Ofir que são os desígnios do Deus vivo. Ver pessoas morrendo no auge da saúde e do sucesso; contemplar homens outrora exaltados rastejando no pó; ler e escutar histórias de reveses inimagináveis – tudo isso me fez repensar Tiago.
Em sua prosa simples e direta, sem muita retórica ou poética, ele está apenas relembrando o inegável – a fragilidade e brevidade da vida humana. Como um sopro, uma fumaça ou uma erva que depois de expor beleza e resplendor seca e murcha, assim era o ser humano. Uma verdade que os salmistas e profetas repetiram (Salmo 90.5, 6; Isaías 40.6-8). Não se tratava de filosofias humanas bem elaboradas e concluídas após raciocínio rigoroso e extenso. Era só a constatação pura e simples da fraqueza humana que pode ser vista por qualquer pessoa que tenha olhos para ver, mas que até um cego bem instruído também poderia perceber. Eis o que ele está dizendo.
Todavia, essa tomada de consciência da minha fragilidade não provocara em mim desespero ou desânimo. Pelo contrário, como a criança cansada e impotente sobre os ombros do Pai, eu também percebera que minha força está Nele e que meu êxito depende só Dele. Isso não significava ser indolente, ou negligente ou pessimista. Significava confiar em Alguém maior, mais forte e mais sábio do que eu. Significava ouvir a exortação para confiar no Senhor de todo o meu coração e não me estribar (confiar, apoiar-se) no meu próprio entendimento (Provérbios 3.5).
Eu podia agora dizer “Se o Senhor quiser e se eu viver” sem me sentir impotente. Eu já havia aprendido, não apenas como conceito teológico e sim como verdade experiencial, que confiar na minha potência era confiar em uma impotência. E confiar na potência Dele era confiar na Onipotência.