Três Verdades e Três Perguntas

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Há três verdades poderosas neste Universo; são verdades tão poderosas que exigem uma resposta definitiva do ser humano. Elas excedem tudo o que o ser humano possa criar com sua imaginação, e sua importância vai além de qualquer fato. Pela sua natureza, estas verdades obrigam o homem a se posicionar, a responder por suas atitudes ou pela falta delas durante sua existência. São verdades absolutas, que precisam ser encaradas antes que se encare qualquer outra ação ou valor relativo.

Três verdades sublimes:

1) Deus se fez homem

Sim, isto já foi dito de várias formas poéticas; pois os versos não apenas sintetizam as verdades, mas também têm o poder de amenizá-las. Edward Gibbon, autor do clássico Decline and Fall of the Roman Empire (Declínio e Queda do Império Romano) assim descreveu a encarnação do Verbo:

(…) Aquele Ser que preenche todo o Universo tinha sido confinado ao ventre de Maria; sua eterna duração tinha sido marcada pelos dias, e meses, e anos da existência humana; o Todo Poderoso tinha sido humilhado e crucificado; sua imutável essência tinha sentido dor e angústia; sua onisciência não foi isenta da ignorância; e a Fonte da Vida e da Imortalidade morreu sobre o Monte Calvário. 1

Ou ainda, nas palavras poéticas de um escritor moderno:

“Ele podia segurar o Universo na palma da mão, mas abdicou disso para flutuar no ventre de uma virgem”. 2

A verdade é que o Criador deste Universo imenso e infinito, Ele mesmo em sua natureza, tornou-se humano na pessoa de Jesus de Nazaré e integrou-se a todos os limites que isto implica. O Criador das inúmeras estrelas sentou-se inúmeras vezes nas sinagogas da Judeia e da Galileia, ao lado do lavrador cansado e suado. O Verbo se fez carne e habitou entre nós.

2) Ele levou sobre si todos os pecados da humanidade

Não houve, não há e não haverá solução para o problema do pecado da humanidade, exceto nele. Sua morte na cruz era muito mais do que uma morte na cruz. Era o julgamento da Divindade sobre os incontáveis atos de rebelião da criatura contra o Criador. Era a punição expiatória dos indivíduos. Era a ação legal de um Deus justo e justificador daqueles que têm fé em Jesus. A dor real, a morte real, o sacrifício real do Verbo feito carne. O meio de nos levar a Deus. “A mão que sustentou o Universo recebeu o cravo de um soldado”.3

3) Ele venceu a morte. Ele ressuscitou

Ninguém jamais fez isto. Todos os que voltaram à vida voltaram para morrer novamente. Ele venceu a morte para sempre. Venceu a natureza humana

corruptível para sempre. ELE ESTÁ VIVO PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS. Sim, este é um fato único na história da existência humana e uma garantia do futuro de muitos.

Cada pessoa tem todo o direito de duvidar dessas verdades. Entretanto, se assumir que são verdadeiras, não poderá ficar indiferente a elas; terá de tomar uma posição. Se Jesus é Deus, morreu na cruz pelos nossos pecados e levantou-se dentre os mortos como Vencedor da morte, então, com base nestas 3 verdades, temos de fazer três perguntas.

Três perguntas essenciais:

1) Por que você ainda não se rendeu a Ele?

Pois foi isto que Ele exigiu – a entrega completa da sua vida a Ele. “Quem não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”. Como você pode continuar vivendo neste mundo sem encarar as consequências dessas verdades? Não são teorias filosóficas; são realidades cujas implicações são infinitas e eternas. Negligências e escusas não as poderão anular; pois exigem uma resposta não apenas verbal, mas de toda a sua existência.

2) Por que você hesita?

“Até quando vocês vão oscilar entre duas opiniões?” Questionou o profeta Elias (1Re 18.21). É impossível estar em dois mundos, impossível servir a dois senhores, viver em dois reinos, andar em dois caminhos. Essas verdades são determinantes, não são adornos verbais para a vida. São como trilhos que, de antemão, definem os rumos de nossa existência e o destino de cada indivíduo. Ou você está nesses trilhos ou fora deles. Não há meio termo.

3) Você pode dar mais?

“Se Jesus é Deus e deu a sua vida por mim, não há sacrifício grande demais que eu possa fazer por Ele” disse David Livingstone. Ele entendeu a dimensão do significado de “o Verbo se fez carne”. Sim, o amor de Cristo nos constrange (2Co 5.14). O amor de Cristo excede todo entendimento (Ef 3.19). Nunca será o bastante tudo o que fizermos ou renunciarmos por Ele. Seguir rumo a uma entrega sempre maior é a coisa certa a fazer. Ele se deu todo, então nosso todo deve ser dele. Nada menos.

O mundo é complexo e, ainda que gastemos toda a nossa vida analisando e discorrendo essa complexidade, não chegaríamos nem perto de compreender todas as questões envolvidas. Mas essas verdades divinas e essas respostas humanas não são opções neste universo complexo; são revelações e exigências de um Deus Real, a quem tudo e todos devem prestar contas.

“E de tudo o que se tem ouvido o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos, pois isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, inclusive o que está escondido, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.13,14).

 

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Notas

1 GIBBON, Edward. Decline and Fall of the Roman Empire Vol II. Encyclopedia Britannica, INC , 1952, p. 137

2 LUCADO, Max. Seu nome é Jesus. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 9.

3 IDEM p. 105


 Conselhos e Escritores

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Então, o SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa. Livro do profeta Habacuque 2.2

Creio que escrever um livro é a experiência mais próxima ao dar à luz que um homem pode ter.

John Stott, célebre autor cristão

Dificilmente fugiremos da obrigação de escrever. Seja uma pequena carta, seja um artigo, uma tese universitária ou mesmo um livro. E se nos sentimos vocacionados para isso, então o desafio é maior. E muitos são os que sequer sabem por onde começar.

1. Ore

O grande pregador escocês Robert Murray McCheyne escreveu:

Entrega-te à oração e obtém os teus temas, os teus pensamentos e as tuas palavras de Deus.

Sim. Se é verdade que o Espírito nos ajuda em nossas fraquezas [limitações] (Rm 8.26) e se é verdade que Deus preparou boas obras para que andássemos nelas (Ef 2.10), então nada mais coerente do que começar orando. Nossa dependência de Cristo não é sinal de fraqueza, e sim de força (Jo 15.5). Ore antes de começar a escrever. Renda-se a Deus e deixe que Ele guie sua vida em todos os sentidos.

2. Se você quer ser escritor, escreva

Por mais talento que você tenha os textos não se escreverão sozinhos. E também não nascerão perfeitos. É preciso treinar e errar e corrigir e treinar de novo. Nada se conclui em um só dia. Até Deus fez o mundo em seis. Poucos são aqueles que estréiam com êxito. A vitória é fruto do suor, mais do que do talento.

É preciso gastar tempo escrevendo, corrigindo, aperfeiçoando. É preciso ler bastante e renunciar momentos de lazer para se dedicar à arte de escrever. É preciso enfrentar o medo de não ser apreciado, de ter o seu texto desprezado, de ficar anônimo. Escreva.

3. Faça um roteiro

Como dizia uma propaganda antiga, quem lê, viaja. E quem escreve também viaja, não sem um roteiro. Como um sermão, qualquer escrito precisa de um esboço prévio, seja um livro de oitocentas páginas, seja um texto de uma página só. As ideias centrais precisam ser delineadas antes de se percorrer

o caminho. São como os trilhos de um trem sem o qual ele não pode chegar ao seu destino.

Escrever se torna bem mais fácil quando você faz um esboço. Funciona como um esqueleto sobre o qual você colocará a carne, os nervos, a pele e por fim dará o sopro da vida. Quanto mais tempo gastar com o esboço, menos gastará com o restante.

4. Seja claro

Nada de palavras rebuscadas e frases complexas. Nada de efeitos estilísticos para os quais você ainda não está preparado. Pense claramente antes de lançar sobre papel o que pretende. Leia o que escreveu como se alguém tivesse escrito para você. Tenha certeza que entenderia se fosse o escrito de outro.

Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta, escreveu Paul Valéry, poeta francês. Por que dizer “tão somente”, se pode dizer “apenas”?

Não use sentenças longas. Alguns escrevem sentenças tão longas que quando se chega ao final, não lembra como começou. Então precisa voltar novamente e novamente até compreender. No máximo três linhas e alguns defendem até menos. Uma frase cheia de vírgulas está pedindo ponto. Por isso, trabalhe com um ou duas ideias por vez em cada sentença.

5. Reescreva quantas vezes for preciso

Quando você lê um texto não imagina que algumas frases foram refeitas diversas vezes. E é bem possível que o autor ainda não ficou satisfeito com o resultado final.

Ernest Hemingway disse que reescreveu trinta vezes o último parágrafo de seu famoso livro Adeus às armas. Trinta vezes. E era o último parágrafo. O esforço valeu à pena, pois a obra se tornou best seller.

Como disse Samuel Johnson, escritor inglês, nada que é escrito sem esforço é lido com prazer.

A preguiça é a primeira inimiga de quem escreve. Escrever leva tempo e escrever bem leva mais tempo ainda. Trabalho e retrabalho são necessários para se fazer um texto. É como lapidar uma jóia. Se queremos que ela brilhe, nenhum esforço é demais. Não deixe que a pressa estrague seu rubi.

6. Depois de escrever, comece a cortar

É bem provável que seu texto esteja cheio de palavras, expressões, frases e sentenças inúteis. Somos seres redundantes. Escrever é cortar. É preferível um texto curto e bom a um longo e prolixo. Nossa tendência é repetir ideias, usar frases longas, palavras desnecessária. A melhor coisa é estabelecer limites para o nosso texto

Durante um tempo escrevi para um jornal secular de São Bernardo uma coluna semanal denominada Fim de Papo. Tratava-se de crítica social e a editora do jornal limitou meu texto a 1436 toques. Eu escrevia o texto e depois me divertia substituindo palavras, frases e cortando tudo o que era inútil. Foi um excelente exercício. Quando ofereceram espaço maior, recusei. É muito bom aprender a cortar. Experimente.

Claro que eu não disse tudo. Você descobrirá muito mais quando começar a escrever. Portanto, comece. O tempo urge e com certeza há pensamentos, projetos e visões em seu coração. Elas precisam tornar-se bem legíveis para os que passam correndo.


 Livrai-nos, Senhor, das Raízes Amargas

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos (Hebreus 12.15)

Ajuda-nos, Senhor, porque raízes venenosas têm tentado dominar os nossos corações. Uma revolta amarga quer lançar suas raízes no âmago do nosso ser. Um redemoinho de sentimentos e pensamentos destruidores deseja fazer morada em nós, tomar o lugar que só a Ti pertence. Ó Lavrador Celestial, arranca deste solo toda raiz que não veio de Tuas mãos.

Há momentos em que as maldades deste mundo decaído ferem fortemente nossa alma e as setas peçonhentas do inimigo cravam fundo em nosso espírito. Facilmente raízes venenosas se abrigam em nosso solo e se não arrancadas a tempo produzem seus frutos de morte.

Nós bem sabemos o quanto esta raiz de amargura nos privará de Tua graça. Não existe alegria verdadeira onde não se sente Teu favor. Por isso pedimos que a Tua doce graça cure o gosto do amargor em nossas bocas e traga ao mais profundo do nosso ser a doçura da Tua maravilhosa presença.

Esta raiz de amargura perturba tudo ao derredor. Transforma toda luz em escuridão, toda alegria em angústia, o amor vira ódio. Impede-nos de confiar, de amar, de lutar, de viver e de ver Tua bondade e Tua glória. Impede-nos de ver as portas abertas, de ver Tua mão poderosa, de ver Tua luz a nos guiar. Fala Senhor, e faz calar a voz da tempestade em nosso interior. Faz brilhar o Sol do Teu amor uma vez mais. Tira de mim aquilo que não vem de Ti.

Não permita que a amargura em nosso ser contamine os que estão perto de nós. Não queremos corromper aqueles que nos tocam, que nos ouvem, que nos amam. Nós queremos ser somente sal e luz, jamais treva e dissabor. Se não posso ser bênção que eu me cale até que a doçura da Tua graça se derrame outra vez através de nossos lábios e a beleza da Tua vida se faça sentir no Teu amor que nos invade.

Cura-nos, ó Deus, porque também queremos curar. Ilumina nosso mais interior para que o brilho de Tua luz se irradie neste mundo tão escuro. Sara nossa terra, livra-a destas ervas venenosas.


 Vivemos no Intervalo

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Eu já estou sendo derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia… (2 Timóteo 2.6-8)

Somos peregrinos. Este é o nosso deserto. Já deixamos o Egito, mas não chegamos ainda à nossa Canaã. Não é tempo de guardar as armas, de assentar-se sob a sombra, de parar de caminhar. Nossa carreira ainda não acabou. A prova disso é que ainda estamos aqui. Nosso destino é mais além. Não importa quão longo tenha sido a nossa jornada, nosso olhar deve permanecer no horizonte. Nosso descanso não é aqui (Miquéias 2.10)

Este nosso tempo, é tempo de expectação, não de conclusão. É apenas um intervalo, não a plena realização. Estamos aqui para missão e não para desfrute. Precisamos entender isso para que não vivamos como se a guerra tivesse acabado e como se a colheita de agora fosse a definitiva. É apenas uma fase. A concretização ainda nos espera.

Essa atitude do coração é essencial para todo caminhante. Senão corremos o risco de sermos submergidos pelas bênçãos ou vencidos pelas aflições. Podemos nos distrair com as vitórias passageiras e perder de vista àquela que é eterna.

Quando nos esquecemos de nossa condição de peregrinos, os prazeres deste mundo podem facilmente nos roubar o prêmio real. Amados, eu vos advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma (1 Pedro 2.11). Então queremos ficar em casa quando é tempo de guerrear e como Davi somos arrastados para o fundo por desejos bem nocivos (2 Samuel 11.1, 2).

Chegará o momento no qual teremos concluído o bom combate. Nossa carreira tem seu tempo determinado pelo Soberano. Enquanto isso, nossa fé precisa ser guardada e nossa coroa conservada sobre nossas cabeças para que todas as nossas conquistas permaneçam e tenham a devida recompensa.

Compreender a transitoriedade deste nosso tempo não significa vive-lo de modo negligente e displicente. Pelo contrário. Cada ato, palavra e atitude são preciosos porque sabemos que com eles estamos construindo a nossa eternidade.


 Pedras Rejeitadas

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Jesus lhes disse: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?“ ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’ (Mateus 21.42)

Ser rejeitado de algum modo, ou em algum momento da caminhada, faz parte de nossa existência. Pais que não assumiram, pretendentes que desistiram de nós, desprezo por parte de outros, falta de reconhecimento, de valorização, de estima. Não há como evitar. Isso vai acontecer. E cada pessoa será atingida com maior ou menor força por este fato. Mas isto não é o fim.

Muitos dos que foram um dia deixados de lado, tornaram-se as colunas principais. José, rejeitado pelos seus irmãos, tornou-se governador do Egito (Atos 7.9, 10). Moisés, desprezado pelo seu povo teve que fugir e viver no deserto, para depois tornar-se o seu libertador (Atos 7.27, 35). Davi, esquecido por sua família, foi ungido rei de Israel (1 Samuel 16) e menosprezado por seu irmão tornou-se o vencedor sobre Golias (1 Samuel 17.28, 50). Marcos foi desprezado por Paulo (Atos 15.37, 38) para depois ser reconhecido como de grande utilidade (2 Timóteo 4.11)

E que dizer de Jesus? Pedra rejeitada na verdade pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa (1 Pedro 2.4).

Ser deixado de lado por algum tempo em nossa vida não é o fim da nossa história. Ser esquecido pelos homens não é o mesmo que ser esquecido por Deus. Rejeição humana não significa rejeição divina. Sentimentos pessoais de rejeição, não refletem a verdade. Pois Aquele que nos comprou com o sangue de seu próprio Filho e que nos amou por Sua graça, nos fez agradáveis a Si no amado (Efésios 1.6). Nele nossa aceitação é plena.

Não podemos permitir que as rejeições e o desprezo humano nos façam esquecer a aceitação divina. Não podemos deixar que pontos difíceis em nossa vida determinem o final de nossa história. É Deus quem a escreve, é Ele quem exalta aqueles que foram humilhados. Não para que se gloriem, mas para que reconheçam que Dele vem todas as coisas.

Não é do oriente nem do ocidente nem do deserto que vem a exaltação. É Deus quem julga: Humilha a um, a outro exalta. (Salmo 75. 6, 7)


 Mais do Que Ministério

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

“… não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus.” (Colossenses 2.9, 10)

Conhecer a vontade de Deus vai muito além de descobrir nosso ministério, embora isso seja importante. Corremos o risco de sempre que ouvirmos a expressão “vontade de Deus” acharmos que só pode se referir à alguma atividade no Corpo de Cristo. É muito mais do que isto.

Descobrir o querer de Deus inclui todos os pontos da nossa vida, podemos ter muitas áreas não alinhadas com sua vontade. Vida financeira, relacionamentos, sentimentos, palavras, pensamentos, uso do tempo, uso do dinheiro, lazer, trabalho, descanso e uma infinidade de coisas podem ou não estar em harmonia com Ele.

Quando ansiamos escutá-Lo, sempre pensamos em coisas grandiosas, em nosso ministério, em nossas grandes realizações. No entanto, sua correção, disciplina e instrução, podem requerer pequenas mudanças, pequenos ajustes, que por fim terão enorme efeito em nossa caminhada.

Grandes planos são compostos de pequenas mudanças, grandes realizações se fazem com pequenas ações. É a soma de nossas inúmeras obediências que resultará no pleno cumprimento de Sua vontade, assim como são as pequenas transgressões que passo a passo nos afastam Dele. Eva que o diga.

Um mau hábito hoje, uma negligência amanhã, uma transgressão depois. E a soma disso tudo é uma vida girando fora do eixo divino, caminhando displicente por um caminho que não é Dele. Podemos até estar exercendo o ministério que Ele nos confiou, enquanto vivemos uma vida moral e espiritualmente distante de seus padrões. Geralmente é mais fácil ser um pregador famoso do que um marido bem sucedido. Para ter fama não é preciso negar-se a si mesmo e levar a cruz.

Andar dignamente diante Dele, agradá-lo em tudo, frutificar em toda boa obra e crescer no conhecimento Dele não é algo que dependa de títulos, de posições e reconhecimento humano. É algo que só Ele pode medir.


 Precisa-se de Líderes

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

A quem enviarei e quem a de ir por nós? (Isaías 6.8)

Se o Reino de Deus tivesse um jornal diário, todos os dias nós leríamos nos classificados: “Precisa-se de Líderes”.

A igreja precisa de líderes em todos os níveis. Todos os dias um chamado de Deus emana de Seu trono à terra, convocando homens e mulheres à tomar armas e se por à frente da batalha. Todos os dias o Espírito Santo procura pessoas que se coloquem na brecha.

Seria bom se a resposta a todos estes chamados, tivesse sido: “Eis-me aqui, Senhor!”. Seria bom se não houvesse reis atrás de bagagens, talentos enterrados ou profetas dormindo no fundo de barcos. Seria bom se todos os que puseram a mão no arado, não tivessem olhado para trás. Seria bom que na Igreja de Cristo só houvesse Samuéis, Davis e Isaías e nela não existissem os Jonas, os Sauls, os Judas e os Demas. Mas esta não é a realidade.

Há ovelhas morrendo por falta de pastores, campos brancos “inceifados”, povo perecendo por falta de conhecimento. Seria bom se todo o Corpo de Cristo estivesse saudável e cumprindo plenamente sua missão sobre a terra, produzindo cem por cento dos frutos desejáveis.

Infelizmente, muitos dos chamados não foram, muitos dos que foram voltaram e muitos dos que voltaram arrastaram para baixo muitos outros consigo. O chamado diário tem sido ignorado. Crentes com talentos têm enterrado nas profundezas do medo e da acomodação o progresso do Reino.

O espírito de crítica e do desânimo já conquistou a muitos e um pessimismo sem base tem embaçado a visão e embotado os sentidos. A Igreja de Cristo tem suas falhas, mas ainda é o veículo escolhido por Deus para levar redenção à humanidade. É nela e com ela que trabalhamos. Se algo não está melhor, também é culpa nossa.

É hora de terminar esta leitura e buscar saber o que faremos com nossas vidas. Não podemos chegar diante de Deus como servos que não serviram e ceifeiros que não colheram. Não podemos correr o risco de ter sido pastores que não pastorearam, profetas que não profetizaram, evangelistas que não evangelizaram, mestres que não ensinaram. Deus tem um papel, uma função em seu Corpo para você. Descubra e aja. Agora.


 Prisioneiro de Jesus Cristo

Por Eguinaldo Hélio de Souza

Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo… (Filemon 1)

“Prisioneiro de Jesus Cristo” foi uma expressão usada pelo apóstolo Paulo para se definir a si mesmo. Devido à pregação do Evangelho, ao conflito com grupos religiosos judaicos e com a cultura idólatra do Império Romano, ele foi encarcerado diversas vezes. Viveu parte de seu ministério na cadeia e ali o exerceu.

Em nenhum momento ele enxerga essa situação como um drama. Não há lágrimas, lamentações, murmurações, nem mesmo indagações. “Por que meu Deus?”. Se ele não dissesse, sequer saberíamos que ele estava na cadeia. Sua carta mais alegre (aos filipenses) é uma das epístolas da prisão.

Também não acusou o sistema judicial romano de injusto. Sequer o demonizou. E mais ainda. Ele não se considerava um preso do Império Romano, mas um preso do Senhor. O Senhor, e só o Senhor era o motivo dele estar ali. Sua compreensão do relacionamento Senhor-servo entre ele e Cristo era muito claro. Aquele era o primeiro senhorio sobre sua vida e todas as demais autoridades não passavam de sombra dessa realidade maior que é a soberania de Cristo. Isto é ser de fato, um preso do Senhor.

Muitos têm vivido suas vidas em conflito permanente com a vontade do Senhor. Não é que não sabem qual é a vontade Dele. É que não se renderam à vontade Dele. Não compreendem que acima das circunstâncias humanas e passageiras, está o Plano Dele. Quem está Nele está em Seu Plano. Quem é de Cristo, é prisioneiro de Cristo. E quem é Seu prisioneiro, escolhe as escolhas Dele.

“Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14.8).

A liberdade, sem dúvida, é um valor inestimável e uma condição pela qual temos que lutar. Liberdade de crença, de expressão, de escolha. Todavia, uma prisão em Cristo é liberdade. Liberdade sem Cristo é escravidão. “Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e, da mesma maneira, também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo” (1 Coríntios 7.22).

Cristo é a nossa liberdade, seja em mundo livre, seja nas masmorras do Egito, de Roma ou em qualquer lugar do mundo. Somos simples prisioneiros de sua libertadora vontade.